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cronicas-->Podia ser em outra rua -- 02/01/2001 - 17:08 (Renato Rossi) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Bum. Ratimbum bumbumbumn bum bum, bum rrrrrrrrrrrrrraaááááá´, troc tim, tcihm.

Descontando a minha incompetência para a onomatopéia e amplificando a linha acima por um fator dez mil, talvez doze mil e quinhentos, ter-se-á uma breve idéia de como é a vida na minha rua nos finais de semana. Não foi sempre assim. Ao contrário, tirando os periquitos, os sabiás e os bem-te-vis, o silêncio era total.

Ocorreu de um vizinho ter decidido bater em uma bateria. Jovem faz cada coisa. É, não chega a tocar. Por enquanto pelo menos, é bater mesmo. O nome, deve vir daí. Bate-se muito até aprender, o que infelizmente é privilégio de poucos. Para ilustrar melhor a crónica tentei lembrar de algum baterista famoso que servisse de exemplo. Só lembrei do Ringo e isto já tem quase quarenta anos. Certamente há muitos outros e provavelmente melhores, mas quem se lembra do baterista? Lembrei do Miltinho do quinteto do Jó Soares que agora já tem muito mais gente. Algum outro?

No fundo, esquecer o baterista é uma injustiça. Talvez uma vingança pelos anos de ensaio que os vizinhos tiveram que suportar. É certo que sem baterista nenhum conjunto progride. Ele dá o ritmo, sublinha algumas passagens, alegra a festa. A bateria é imprescindível mas nem por isso os ensaios precisam ser feitos nas tardes de sábado na sagrada hora da sesta semanal. Muito menos ao longo de todo o domingo. Na realidade, não há nenhuma exigência razoável para que os ensaios sejam feitos na minha rua. Eles podem ser feitos nas outras ruas, em outros bairros, outras cidades. Não preciso ser testemunha do desenvolvimento deste novo artista. Ele pode se desenvolver perfeitamente sem que eu precise ouvi-lo.

Falando assim de um possível futuro artista, confesso que me dá um certo remorso. Será que estou inibindo com meus pensamentos um futuro virtuose da bateria, alguém que há de encantar o mundo com suas batidas ritmadas? Alguém que revolucione o uso deste instrumento tão necessário. Alguém que estabeleça novos paradigmas, redefina a arte musical com uma nova leitura feita a partir da percussão. Serei um monstro inibidor da arte e da cultura, conspirando contra o lazer de muitas gerações de adolescentes e jovens em geral?

Eu realmente fico dividido entre o apoio à arte e minha sesta de sábado. Não quero parecer muito egoísta, mas não posso negar que a vida era melhor antes desta bateria.

Se for o caso, mais tarde, eu compro o CD.



Escrito em 21.11.2000
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