CARTAS DO IMPÉRIO V - Óscares, Super terça-feira, etc.
O Senhor dos Anéis
O Retorno do Rei foi contemplado com 11 óscares, batendo o recorde, não de filmes com mais óscares –Titanic e Ben-Hur também levaram 11 – mas o filme que viu todas as suas nomeações premiadas. Titanic teve 14 nomeações e recebeu apenas 11 óscares, Ben-Hur teve 12 nomeações e chegou ao fim só com 11 óscares, West Side Story também tinha 11 nomeações e recebeu apenas 10 óscares. O Senhor dos Anéis - O Retorno do Rei teve 11 nomeações e não perdeu nenhuma, ganhando os respectivos 11 óscares – the perfect score!
No processo de habilitação para ganhar a cobiçada estatueta, os filmes passam duas vezes pelo escrutínio dos cerca de seis mil membros da Academia de Los Angeles e, como é natural, perdem votos entre a nomeação e a atribuição final do óscar. A estatuazinha, que se transformou no ícone da perfeição das artes do mundo do cinema, o guerreirozinho muito erecto, apoiado na espada nua, nem sempre se chamou óscar. No princípio, era simplesmente o Prémio de Mérito da Academia, e só em 1939 é que se generalizou o novo nome de óscar. Cada óscar pesa perto de quatro quilos e é feito duma liga metálica, com casquinha de ouro puro, 24 quilates.
Diz-se que o nome de óscar surgiu de um comentário de alguém que, ao ver a estatueta, disse que o guerreirozinho se parecia com o seu tio Óscar. Folclore? Talvez, mas não deixa de ser engraçado.
Super terça-feira
Chama-se assim porque foi o dia (ontem) em que os membros do partido democrata de muitos estados foram às urnas para escolher o candidato às presidenciais americanas.
Escolher é como quem diz, porque a democracia dos americanos tem os seus rr e ss. Quer dizer é remota e sumidiça. Senão vejam: Quando os americanos elegem o seu candidato às presidenciais, o que se fez ontem aqui em Massachusetts, de facto, não elegem nenhum candidato. É tudo uma ficção. O que o povo elege é representantes que depois vão, de facto, escolher o candidato.
Na eleição final que há-de acontecer em novembro, de novo, vai o povinho às assembleias de voto, muito convencido de que está elegendo o próximo presidente, quando está apenas elegendo um colégio eleitoral que é quem, de facto, elege o presidente. É tudo a mesma ficção... Os Estados Unidos são ainda regidos por uma constituição velhinha de 200 anos que foi feita por gente que tinha um medo tremendo do poder popular...
Eleição directa do presidente dos americanos, pelos americanos? Talvez daqui a outros duzentos anos. Este país, politicamente, vai a passo de lesma.
O pior é que, de vez em quando, o povo vota para um lado e o colégio eleitoral vota para o outro. Foi o que aconteceu nas eleições de 2000. Lembram-se? O povo votou Al Gore e o colégio eleitoral votou George Bush. E pode acontecer este ano outra vez. Será por isso que os americanos são tão apáticos, tão desmotivados, quando se trata da sua vida política? Talvez.
