Usina de Letras
Usina de Letras
63 usuários online

Autor Titulo Nos textos

 

Artigos ( 62202 )

Cartas ( 21334)

Contos (13260)

Cordel (10449)

Cronicas (22534)

Discursos (3238)

Ensaios - (10353)

Erótico (13567)

Frases (50601)

Humor (20029)

Infantil (5428)

Infanto Juvenil (4762)

Letras de Música (5465)

Peça de Teatro (1376)

Poesias (140793)

Redação (3302)

Roteiro de Filme ou Novela (1062)

Teses / Monologos (2435)

Textos Jurídicos (1960)

Textos Religiosos/Sermões (6185)

LEGENDAS

( * )- Texto com Registro de Direito Autoral )

( ! )- Texto com Comentários

 

Nota Legal

Fale Conosco

 



Aguarde carregando ...
Cronicas-->Cinegrafia -- 02/01/2001 - 17:06 (Renato Rossi) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
O estereótipo do japonês com uma càmera na mão, filmando e fotografando tudo é conhecido. Diz-se que eles nada vêem durante as viagens para poder filmar melhor. Depois assistem em casa. Isto não é novo. Infelizmente contudo, a mania se alastra ganhando ares profissionais. Casamentos, formaturas, batizados e aniversários de bonecas agora são filmados. Imagino que seja para guardar e passar quando alguma visita chata chega sem avisar. Eu nada teria contra, se os cinegrafistas, profissionais ou amadores, não tomassem conta do cenário. Se fossem discretos como os fotógrafos de antigamente, uma ou outra destas fitas pode até ser uma recordação interessante. O que não deveria acontecer é a filmagem ter prioridade sobre o acontecimento, como se diz dos tais japoneses.

A chamada equipe técnica, parece ter um salvo conduto que a permite passar na frente de todos, abrir caminho com sua tralha, batendo em tudo e todos, sob a alegação de que precisam filmar. Nem chapéu de madrinha eles respeitam. Conta-se de uma madrinha que ao chegar em casa encontrou um auxiliar de iluminação preso entre as flores do chapéu. Ele subiu e acabou pegando no sono. Talvez eles achem que todos os convidados vão às cerimónias apenas para fazer figuração. Há casos em que a cerimónia é toda realizada sob a ótica do "spielberg" de plantão.

As igrejas tem sua arquitetura e iluminação peculiares e criam toda uma atmosfera própria. Como um convite à reflexão, propiciam um descanso dos pensamentos, uma trégua na correria. Mas toda o esforço humano e divino já não adianta muito, a atmosfera é quebrada. Muitas cerimónias de casamento são totalmente arruinadas pelos cinegrafistas, sua luz, fios e tralhas acessórias. Não há violino que conserte a cerimónia. Os convidados, em lugar de acompanhar a emoção dos noivos, as palavras do celebrante, ou mesmo os chapéus e jóias dos convidados ficam apreciando as costas largas da equipe em seus trajes de trabalho, como se sobrinhos chorões e demolidores já não bastassem. Naturalmente, não é o tempo todo. Com certa frequência o iluminador vira-se para a platéia, melhor dizer contra a platéia, e vai ofuscando um a um, enquanto a càmera focaliza cada detalhe de seus poros, incluindo sua expressão de "puta-merda-tira-essa-luz-da-minha-cara". Nestas situações engula suas palavras, serene sua expressão, pois estas càmeras mais modernas captam cada suspiro e você não vai querer estragar o filme de quem lhe convidou com tanta boa vontade.

Outro dia fui a um casamento. Quando iniciou a marcha nupcial todos se viraram para a porta. Em lugar da noiva, apareceu um rapaz andando agachado e de costas, apresentando todo um elenco de acrobacias. No final, ninguém sabia como era o vestido da noiva, mas bateram palmas para o cinegrafista.

Pena não terem filmado.


Escrito em 16.11.2000
Comentarios
O que você achou deste texto?     Nome:     Mail:    
Comente: 
Renove sua assinatura para ver os contadores de acesso - Clique Aqui