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Contos-->A compoteira -- 05/09/2013 - 04:16 (Brazílio) |
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No mais das vezes vazia é que ela vivia, mas como a imaginação da gente enchia: tali
sobre a mesa dona compoteira, essa ilustre e solteira companheira.
Fazia parte duma geração de assemelhados que prossivelmente foram presentes de
bodas de meus pais, ou aquisições iniciais, para melhor compor o matrimônio, e o
guarda-louça: dois conjuntos de licoreira, uma azulada, angular, outra mais rotunda,
meio rosée, garrafas feito galinhas com os seis calicizinhos feito pintainhos, à volta
de cada uma; havia também o buiãozinho, com sua tampinha, solitário, mas que
gracinha, quase um sacrário.
A compoteira, no entanto, é a que mais paixão sugeria, delicadezas a riviria, ainda que
vazia. Feita feito um cálice bem aberto, azulado, cristal, ou vidro decerto, mas o nome,
o formato, que deleitoso prato. Rara a vez que parava ali um cacho de uva, que vinha
do quintal, ou umas maçãs argentinas, daquelas perfumadas manzanas de rio negro,
tanta era a cobiça da criançada à sua volta. Mas a compota de frutas, a delícia das
delícias, quase nunca mamãe tinha tempo ou como fazê-la - e também, para quê se o
quintal, pródigo, insistia em produzir tanta fruta fresca, uma compota, que coisa mais
idiota. Ou só lorota? |
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