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Cronicas-->Santa Santinha -- 20/03/2007 - 15:56 (Jader Ferreira) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Santa Santinha


Andradina é uma pequena cidade que fica no extremo da Região Noroeste, às margens do Rio Grande. É só atravessar o rio, cruzar a represa de Urubupungá, que se chega em Três Lagoas, MS. Nós, os propagandistas e viajantes hospedávamos em Andradina por uma semana inteira, no hotel da dona Santinha. Dali fazíamos o "pião" das cidades da região. íamos à Ilha Solteira, Três Lagoas, Pereira Barreto, Sud Menucci e voltávamos todos os dias para dormir no hotel da hoteleira nossa amiga. A dona Santinha era viúva e nos tinha como filhos, preocupava-se conosco, servia uma sopa aos que estivessem com algum problema gástrico, um chá com torradas aos insones e assim por diante. Era uma santa de verdade, a mãe que tínhamos deixado longe.
Para passar o tempo, jogávamos baralho, caixeta ou buraco, até bem tarde e ela só dormia depois que todos fossemos deitar. Um certo dia, dona Santinha nos contou que as suas duas únicas filhas moravam nos Estados Unidos e apenas uma vez ou outra telefonavam para matar a saudade.
Eu, este escriba e intrometido como sempre, perguntei um dia para ela: "Por que é que a senhora não vai morar com a suas filhas em Nova York, dona Santinha? Lá é bem melhor do que esta pequena cidade de Andradina, a vida é mais animada, vá morar com elas e não tenha mais essa preocupação de suportar a nós, esses viajantes chatos!"
Foi grande a minha surpresa quando ela me retrucou: "Não, meu filho, jamais irei morar numa cidade grande e distante como Nova York. Lá eu sou uma estranha, não sou ninguém. Se eu cair na rua por lá, as pessoas passam por cima de mim e ninguém irá no meu enterro. Aqui em Andradina eu sou uma rainha, todos me conhecem. Se fico gripada, as pessoas se preocupam comigo e me levam logo para o médico. Mas agradeço a sua preocupação comigo, Deus lhe pague!"
A dona Santinha estava com toda razão. A cidade era pequena mas ali viviam todos os seus amigos. Sentia-se como uma rainha naquela cidade do interior. Anos depois, uns vinte talvez, soube que a dona Santinha morrera dormindo e que a cidade inteira tinha ido ao seu enterro. Foi uma solenidade digna de uma rainha. Os propagandistas que estavam na região também compareceram. Eu, já aposentado, morando em Taubaté a mais de mil quilómetros de distància, apenas consegui chorar e rezar por ela. Ainda hoje, sempre que me lembro daquela mulher tão bondosa, digo: "Obrigado dona Santinha, gentil hoteleira, rainha de Andradina! A senhora foi uma grande amiga, uma segunda mãe para muitos de nós, às vezes depressivos e solitários. Agora digo eu: Deus lhe pague dona Santinha!...
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