Milene,
Conheci sua lua.
Encantou-me!
Sem amarras,
solta, flutua.
-Rima corriqueira?
Inevitável?
Mas verdadeira-
(por acaso,
quando a fita,
vê um fio
que a segura,
tal qual fosse
leve pipa?)
Fez-me inveja
sua lua.
Apanhei, apalpei,
aspirei-a.
Devolvi.
Ela é sua!
Pronto!
Não se zangue!
Só a tomei
por empréstimo,
um bocadinho.
Da gaveta,
tirei a minha:
amarrotada, quadrada,
coitada!
Acorrentada pelas rimas,
vigiada pelas sílabas!
Cilada!
Examinei-a:
não lhe pus fé!
Poetizar, contando
nos dedos das mãos,
“nem sempre dá pé!”
abraço grande,
Lua
(É tímida,recriminei-a, corou)
A lua tão alva,
tranqüila, serena,
no fundo do poço,
parece morena.
A lua ingênua,
temente e pura,
no fundo do poço,
descansa segura.
Da bela figura
tampouco se orgulha,
se perto a espio,
mais fundo mergulha.
Maria da Graça Almeida
Revista Fresta
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