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Cronicas-->As minhocas do Messias -- 11/03/2007 - 08:46 (Jader Ferreira) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
As minhocas do Messias

Quando eu era solteiro e morava num quarto de pensão, em Barra do Piraí, uma coisa era sagrada: todos os domingos eu filava a bóia na casa do "seu" Messias, pai do meu amigo Marco Aurélio. Eu não tinha família e morava sozinho, acho que era porisso que eu gostava tanto daquela família de amigos, uma gente boa que parecia gostar também das minhas visitas domingueiras e comensais. Havia na casa deles uma tia solteirona e "detraquê" que tinha ciúmes de mim. Ela me esperava no alto da escada e tentava impedir que eu entrasse para almoçar. Era como um cérbero vigilante da mitologia. Ela dizia: "Vai embora, seu morto de fome, aqui não é pensão..." A solteirona não deixava de ter lá sua razão, mas eu já era de casa e nem dava bola pra ela, entrava assim mesmo e saboreava a delícia de macarronada com frango, igualzinha à que minha mãe fazia lá em Minas. Mas isto é uma outra história.
O "seu" Messias era muito simpático comigo, depois do almoço contava umas histórias fantásticas. Certo dia, falou-me de uma formiga gigantesca e resistente que teria o tamanho de um camundongo, muito difícil de ser morta. A formiga surgiu no acampamento onde ele e sua turma trabalhavam exatamente na hora do almoço. A formiga estava sozinha, mas deu muito trabalho aos peões que só depois de muito esforço conseguiram matá-la a marretadas. Acreditei na história por que afinal o almoço tinha sido "de grátis" e gostoso. Num outro dia, o seu Messias veio com um desafio. Disse que sabia arrancar minhocas do solo sem usar uma enxada ou qualquer outra ferramenta similar. Eu e os seus filhos duvidamos da sua habilidade. O velho olhou-nos com seus grandes olhos negros e saiu de perto, mas antes fez um gesto com a mão, dizendo: "Vocês me aguardem!"
Alguns minutos depois, uns dez talvez, voltou trazendo uma leiteira cheia de um misterioso líquido branco e nos convidou a acompanhá-lo até um ponto úmido do quintal. Ali parou e pediu silêncio. Como se orasse, ficou por alguns segundos benzendo o solo de onde as minhocas, segundo ele, surgiriam. A seguir, despejou no solo uma certa quantidade do líquido. Aguardou um pouco e despejou mais. De repente, para nossa surpresa, as minhocas começaram a brotar do chão. Eram dezenas delas, vigorosas, de cores que iam do cinza escuro ao rosa brilhante. As cobrinhas coleantes, misteriosas, vinham de algum lugar fabuloso e insondável -para mim, um mundo mágico que havia no centro da Terra...
Maravilhado, fiquei olhando aquela cena inusitada. Até hoje fico pensando se aquilo não passou de um truque do velho Messias, uma esperteza dele para nos enganar. Mas, com aquele nome de profeta, talvez tudo lhe fosse possível. Nunca mais me esquecerei da macarronada sagrada e gostosa de todos os domingos, nem das suas minhocas domesticadas. Para sempre, obrigado, seu Messias.





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