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cronicas-->Minhas Mãos no Novo Século -- 01/01/2001 - 12:04 (Fernanda Guimarães) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Minhas Mãos no Novo Século

Minhas mãos amanhecem no novo milênio. Olho-as intrigadamente, como a perguntar-lhes, para onde elas pensam que vão ou o que teriam a dizer. Sem que me respondam, abraçam-se à caneta.
Sim, minhas mãos são seculares na hora de escrever. Preferem a carícia da tinta, o rabisco insistente da frase que permanece adormecida nos lençóis do meu pensamento, o espanto de algumas letras despertas que sonham em serem vistas por outros olhos, a correção manual da palavra grafada errada, as idas e vindas ao dicionário do Aurélio, os mergulhos no caderno gasto, adquirido no ano passado e a excitação da folha em branco que anseia ser possuída pelas emoções que me tomam.
Traquina que sou, brinco com minhas mãos e num gesto inesperado, surpreendo-as correndo para o computador. Elas me olham assustadas e num gesto de recusa explícita, não obedecem num primeiro momento ao meu comando. Insisto, abro o Word e tento convencê-las ao desafio de compor algo ali mesmo. Vencidas pelo desejo de escrever, elas se entregam ao mundo das facilidades tecnológicas. Num primeiro momento, a resistência natural. Escrevo uma frase e elas balançam os dedos negativamente. Não gostam do que lêem. Apago ou melhor deleto. Sorrio, pensando no ritual das minhas mãos para transformarem emoções em palavras.
Pronto, um parágrafo já enxerga o primeiro sol do novo século que também acaba de nascer. Os dois bocejam, espreguiçando-se, meio atrapalhados ainda com o mundo que os acolhe. O sol sorri, saudando os milhões de olhares que naquele momento assistem sua chegada ao mundo. Para ele não houve queima de fogos, chuva de champagne e nem uma canção foi entoada. Minhas mãos tentam avisá-lo que esta festa foi feita para a lua e que se ele tivesse chegado mais cedo, certamente teria participado. Ele brilhando, beija-me as mãos e suavemente, segreda-me que naquele momento em que todos celebravam , ele ainda dormia um sono tranquilo. Embalava no coração de seus raios, sonhos que ao amanhecer iriam também nascer para o mundo através da fé e da coragem de quem os acalentara.
Ponho-me a refletir. Decorridas poucas horas desse 01/01/01, 1/1/1 ou seria 01.01.2001 (lembrei-me do Fernando Tanajura em sua primeira crónica deste ano), percebo que nenhum dia é igual e que o mundo não é o mesmo, quando nós decidimos participar dele de forma diferente. Somos nós, os artífices de cada amanhecer , porque somos escultores das paisagens que o mundo expõe. Até para minhas mãos, o dia de hoje vestiu-se com nova roupagem. E num último flash, lembrei-me das lições do astro rei. Mesmo do alto de sua majestade e imponência, existem momentos em que ele adormece, para permitir que a rainha lua brilhe e vice-versa.
Desatemos nossas mãos e conspiremos juntos para um mundo melhor, porque somos nós os escritores dessa história e o "happy end" depende de cada um de nós.

© Nandinha Guimarães
Em 01.01.01
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