Lembranças daquela menina, quando ainda criança pulando amarelinha que lhe desfazia a tranças
Era primeiro de abril. Foi-lhe dado vestes brancas para aguardar os colegas de escola, que viriam festejar os quinze anos dela. Todos chegaram cedo e cedo se foram. Robert não dançou a valsa. Contentou-se em fitar o rosto moreno, parcialmente coberto por negros cabelos. Depois descia fazendo uma varredura em câmera lenta, traço por traço, ponto por ponto, curva por curva, da cabeça aos tornozelos, dando close nos seios rosados como caroço de pitomba a furar as finas vestes desguarnecidas da aniversariante. Nilmário dançava solto e só tinha olhos para Morgana. Gonçalo era uma cópia apagada de si mesmo e os outros meninos, eram apenas os outros meninos que levaram presentes pouco interessantes. Com as pontas dos dedos Talita afastou uma mexa de cabelos que cobria o olho esquerdo. Alguém assobiou. Ela sorriu disfarçadamente. Soprou as velas. Todos riram. Os convidados trocaram a posição e o 15 tornou-se 51. Ela riu porque, quando realmente tivesse 51anos, poderia fazer uma festa de 15, apenas trocando as velas de lugar.
Tudo foi muito simples, apenas uma festa oferecida em casa aos amigos e novamente ela estava só. Sozinha, navegando velozmente no silêncio supersônico de sua imaginação.
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