Os EUA podem ter perdido a chance de ouro para impor o seu imperialismo e atacar o Iraque. A cada dia a oposição contra a guerra fica mais forte. O discurso de Colin Powell na ONU foi um festival de acusações sem prova. O que deu a impressão de que os EUA estão somente fazendo uma armação para incriminar o ditador do Iraque. E essas suspeitas parecem ganhar mais força depois que o dossiê apresentado pela Inglaterra não passava de uma montagem.
O pior nisso tudo não é tão somente a crescente oposição à guerra, mas a sensação de que Saddam Hussein é mais uma vítima do que um criminoso. Apesar de oprimir seu povo, de não ser confiável, de ser perigoso, entre outras coisas mais, isso não justifica uma guerra contra o Iraque com a justificativa de que este representa um perigo para o mundo. Perigo maior representa a Coréia do Norte, por exemplo.
O mundo está começando a ver que se pode chegar a uma solução diplomática para desarmar o Iraque. E Saddam sabe muito bem de que uma guerra contra os EUA será mais uma derrota e não vai querer ser escorraçado do poder assim sem mais nem menos. Ele está jogando e vai jogar até não poder mais. No fundo, O Iraque está conseguindo aquilo que desejava: criar no mundo um ati-americanismo muito forte. Não é por acaso que, a cada dia, ele sede um pouquinho mais.
No momento, quem está perdendo a batalha não é o Iraque, são os EUA. Ou os EUA vão ter que atacar o Iraque sem o apoio da ONU e da comunidade internacional. E isso vai gerar um prejuízo político enorme para o governo americano. Talvez, por isso o governo americano desista de se arriscar numa guerra. Não é fácil deter a fome de guerra dos republicanos americanos e suas idéias imperialistas, mas eles são inteligentes o bastante para saber quando um recuo traz mais benefícios do que partir para a luta.