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Contos-->LEOA NO CIO -- 01/04/2013 - 15:16 (Adalberto Antonio de Lima) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos

Sensual,  cativante  e criativa a leoa (que não tive)

 chama o amante à tarde, à noite e à luz do dia

E dessa chama de amor que arde se  vive

eternamente pregado em uma cruz 

 

Robert contempla o Palácio dos Leões de São Luis de Ribamar, uma fortaleza destruída, para que dos escombros nascesse um castelo.   Distante, muito distante geograficamente da cena de um casamento fracassado, seus olhos espiam a rua que passa na janela do lotação... Será que deveria ter abraçado o sacerdócio sugerido pelo padre Davi? Se o fizesse, não teria passado pelo vexame do impedimento de seu próprio matrimônio. Não! Não queria ser padre sem vocação. Seria um homem frustrado sem a costela que lhe foi retirada pelo Criador. A fêmea escolhe o parceiro pela capacidade genética de lhe dar uma cria forte e saudável. Que atrativo tinha ele  para conquistar uma mulher: baixinho, nariz amassado, sobrancelhas cerradas... Não era detentor de beleza física nem de recursos financeiros suficientes para atrair as fêmeas. Era apenas humorista com um emprego público e arrastava os mesmo genes de Talita, a mesma carne e os mesmos ossos de seus ossos, ou não?

Há meses sem notícias do Rio de Janeiro, sabia apenas que Morgana também se mudara para São Luís do Maranhão, mas, vê-la por ali, só por força de milagre do acaso. Levantou-se para deixar o lotação. Teria que descer na próxima parada. Tinha encontro marcado com a solidão de quatro paredes do quarto de luxuoso hotel na capital maranhense.

Precisava criar logo outro endereço eletrônico. Perdera toda lista de contato daquele que fora bloqueado pelo provedor. O email que criara com Talita para tratar do projeto literário fora invadido por hackers que enviaram mensagens pornográficas para todos os contatos da lista. Alguns deles não atendiam sequer as ligações telefônicas originadas de seu número. Não era exatamente o caso de Talita. A questão com ela era outra, um sonho desfeito...

Na portaria, o funcionário entregou-lhe um pacote.

— Encomenda para o senhor.

O Sedex procedia do Rio de Janeiro.

Robert tremeu. Abriu. Viu muitos textos encadernados e na primeira página, um recado manuscrito: “Explicit. O livro está concluído. Veja o que pode ser acrescido ou retirado...Talita.” Ele releu o poema, de muito antes conhecido, desta vez já com o título:  

 

 VOO ABS 815

A

parede

 do mundo

 é azulada,

 até onde a vista alcança... O poeta vê além das

 nuvens brancas uma aquarela: nuvens amarelas... pássaro

 solitário refaz o ensaio de uma valsa. Tudo passa velozmente

 no imaginário... Se Fernão olha a gaivota, não vê o sol

de relembranças

que se põe

detrás

das

 suas

  asas

 

O poeta vê além das nuvens brancas uma aquarela. “Isto  não é uma gaivota, nem uma jibóia engolindo um elefante.É o voo de uma aeronave”.

— O senhor disse o quê? Perguntou o porteiro, por entender que Robert lhe dirigia a palavra.

— Nada não. Só pensei alto.

Fechou o guarda-chuva. Pôs o pacote debaixo do braço e entrou no hotel sentindo-se acompanhado por ela. Talita estava ali inteira, naqueles escritos. Ele, Robert, achava  que agora sabia tudo porque o poema tinha um título: VOO ABS 815. Ledo engano. O que  era permitido dizer, ela soltava aos poucos, abrindo a torneira e fechando-a imediatamente para que uma formiga que passava não se afogasse no dilúvio. Como saber tudo? O mundo do Romance viaja no túnel do tempo. É só  imaginar e pode-se viver o passado e o futuro quase que simultaneamente. Viver hoje o sol de ontem, e amanhã, o sol que ainda não veio como se o coração fosse feito apenas para guardar recordações... Ela já não sabia separar o passado do presente nem a ficção da realidade e nada sobre o futuro lhe  fora permitido revelar

 

http://www.textoregistrado.com.br/exibetexto.php?cod=135897704703377000&cat=textoreg

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