 MINHA IDEAL MULHER AMADA
(psicoturismo com Fernando Pessoa)
.
Dirceu Thomaz Rabelo
.
A doce Lisboa levou-me ao poeta Fernando Pessoa
Que, hoje bronzeado, fica sentado em uma cadeira,
Defronte à confeitaria “A Brasileira” no Chiado.
Passa-me este, algumas dicas ou requisitos básicos,
De como seria aquela que poderia ser a mulher
Portadora de virtudes que talvez me agradasse.
E do que ele me diz, transcrevo depressa no papel:
.
- Ah, minha ideal mulher amada, não reclama de nada;
Tudo que eu fizer estará bom... Para mim e para ela;
Inteligente até não poder mais; e sem contestar minhas opiniões;
Carinhosa, cheirosa, charmosa, gostosa... E lava meus cuecões!
Não precisa ser muito rica, porém se for, melhor!
.
Bem mais nova do que eu, claro! E louca por mim...
(E você aí, ainda tem o desplante de perguntar por quê?).
Nem respondo! Continuemos com o pensamento de Fernando...
Cozinhar, passar, lavar e trabalhar fora (se for pobre);
Falar sempre baixo, mas, me olhando nos olhos. Submissa? Não!
Pedir poema até pode, mas, espere sua hora. A fila é longa...
.
Não reclamar (nem fazer comentários) do meu pequeno ronco;
Nem em família, falar que eu babo na fronha do travesseiro;
E nem que eu sapeco, às vezes, um pandeiro no banheiro;
E mais algumas coisinhas que veremos durante o longo noivado.
Bem, do psicopapo com Fernando só deu para arrancar isso,
Pois, turistas paquistaneses queriam tirar fotos ao seu lado.
E eu mal pude acabar de rabiscar minhas anotações, afobado...
.
Bem amorzinho, se você for todo esse tesouro,
E pensa que agora eu vou lhe querer querida;
Não lhe aceito nem ornada com peças de ouro.
Fora depressa! Você é louca, doida varrida!
Pior do que Fernando Pessoa e eu, juntos, minha prenda!
Volta pro mar, que é de onde você veio oferenda!
.
Lisboa – Portugal, 06 de abril de 2013.
|
