Acendem-se os círios dos olhos,
Espargem a água benta
De suas bocas nos corpos,
Como animais se lambendo
Para sentirem o sabor
Da matéria fecunda do amor.
Não há saciedade de apetite
Nem limite de fantasia.
São feras dessa selva,
Pássaros voando no céu
Cada vez que sentem
A onda de gozo aflorar
Como jorro de água morna
Vinda das entranhas da terra.
A vida se transforma em poesia,
A alma ganha potentes asas.
Não há mudez para os dois,
Libertam-se as palavras asiladas
Em coro celebram o ritual
Dum corpo dentro de outro.
Nesse momento é só pirotecnia
Num espaço que se torna infinito
Pela grandeza que tem
O ato de se possuírem
O homem e a mulher.