Usina de Letras
Usina de Letras
205 usuários online

Autor Titulo Nos textos

 

Artigos ( 62152 )

Cartas ( 21334)

Contos (13260)

Cordel (10448)

Cronicas (22529)

Discursos (3238)

Ensaios - (10339)

Erótico (13567)

Frases (50554)

Humor (20023)

Infantil (5418)

Infanto Juvenil (4750)

Letras de Música (5465)

Peça de Teatro (1376)

Poesias (140785)

Redação (3301)

Roteiro de Filme ou Novela (1062)

Teses / Monologos (2435)

Textos Jurídicos (1958)

Textos Religiosos/Sermões (6176)

LEGENDAS

( * )- Texto com Registro de Direito Autoral )

( ! )- Texto com Comentários

 

Nota Legal

Fale Conosco

 



Aguarde carregando ...
Poesias-->Ordenança das Pedras -- 22/03/2016 - 19:38 (José Ernesto Kappel) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
A terra onde nasci não tem mais,

assentaram nela tanta coisa esgotada,

que ela foi sumindo, entrando numa

buraco escuro, onde até as flores

se refugiaram

em outras terras

empanadas.



Minha terra não tem mais:

foi pedra em cima de pedra,

e, dai, nasceram prédios e mais

prédios,

- edifícios cintilados de solidão -

que foi, pouco a pouco tomado

por gente de terno passado,

e mulher

com roupa de homem,

todos falando em celulares,

- namoros dedilhados -

e roda daqui, roda dali,

os problemas aumentando,

a terra foi crescendo

e minha memória foi morrendo.



Mas não foi aqui que eu

sentava quando aprendi a beijar aos

quinze anos?



Namorava na terra

crescida? No apogeu da terra

dourada, batida,

crescida de esperança?



E minha senhora de amor

se vestia de alegria

pros meus olhos

croados de cor.



Minhas ruas foram trocadas

de charretes e carros de bois

por vistosos carros, - destes

que a gente vê nas revistas

avançadas..



Terra de Sienas !



E até a cor da cidade não se dá

bem com a cor do céu: amarelo e

vermelho, tudo frouxo.



Ah! Terra Esgotada!



Fui também

outro dia,

na antiga casa

dela.



Era pequena e tinha um

riacho a percorrê-la,

um jardim a moldá-la,

tinha cheiro de mulher,

cheiro de espíritos

eternos !.



Fui na casa dela

não chorei, porque a idade

já me calejou contra o

escândalo interior: nossas

loucuras de amor !



Mas lá estava:

a casa dela,

onde a gente repartia

o dom da mocidade

entre beijos e abraços,

e agora,

tudo virado, tudo pedra,

também saturada.



Não tinha mais nada:



Literalmente, eram centenas

de pedras magoadas dispersas,

no jardim e arrolhado de

vazio e o

o percurso do já minguado

riacho, solaram de vez

com cimento aguado.



Terra dos Azáfamas!



Até o rei Dogmar varre

minha Etiópia!



E de minha terra

mais nada sobrou:

agora é pedra e mais pedra.



E nosso amor vigilante,

se tornou morte,

ela partiu prá lá,

eu fiquei cá e só, e

pensando:



pedra que faz pedra

torna o coração dos

homens parentes

da deusa Fedra.



E de lá me disseram:

nada

mais nada,

não mata um amor.



Pedras! Fizeram da terra

aquecida, agora fria e

crescida.



Tão crescida como um desastre

interior!



E se não lhe dão nome,

dou um:

cedras vistas de longe

são...

Ordenança das Pedras!



( Obs.Ordenança das Pedras - Palavras ao vento dedicadas a tantas outras cidades deste Brasil, que da noite para o dia se tornaram centrais de cimento e crematório de sonhos ).

Comentarios
O que você achou deste texto?     Nome:     Mail:    
Comente: 
Renove sua assinatura para ver os contadores de acesso - Clique Aqui