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Cronicas-->Mochileiro -- 18/02/2007 - 23:39 (flavio gimenez) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
--Quero uma xicara de café e um pão tostado.
Poderia ter começado assim, mas não poderia ser tão simples, sendo aquele dia tão importante. Ele deu as costas à padaria, deu de ombros e caminhava devagar em direção ao poente. A praça da Lapa, daquele lado, dava visão para todo o bairro e abaixo ele podia ver as ladeiras onde uma fina chuva tomava corpo e ele já sentia os ossos endurecendo de dor e frio. Ele tomara a decisão faz tempo, mas só agora reunira coragem e recursos. Sua mãe fora a última a saber, pobrezinha. Ele nem queria pensar nisto, portanto caminhava resoluto para a praça, com sua mochila carregada. Alguns poderiam até pensar, o que será que ele carrega nesta mochila? Era um homem atraente, ele sabia, e duas garotas o viram descendo a rua e olharam, mas ele já estava mais que decidido e comprometido. Tudo podia ser mais simples, elas olhariam e ele como sempre retribuiria e uma delícia a dois poderia ser a três, ele não se importava e tinha segurança, geralmente elas gostavam e queriam mais, mais! Como ele sabia disto, agora caminhava resoluto e reto para a praça do por do sol, no alto da Lapa, com belos cirros se acumulando naquela manhã chuvosa de julho, o frio se imiscuindo em seus poros enxutos, seus cabelos molhados pela pequena garoa que umedecia os olhares e fazia surgirem guarda-chuvas abertos na rua que se afastava depressa de sua mente. Ele contemplava os pássaros que se compraziam em voar em círculos, mesmo na manhã que se avizinhava chuvosa. Eles o viam, aproximando-se célere das árvores lisas e de troncos desenhados pelos milhares de mãos que deixavam suas indeléveis marcas, ele olhava as nervuras das plantas como se as sorvesse pela última vez, as árvores o viram descer as escadas e parar a meio caminho do nada, entre um nível e outro e descarregar a mochila, primeiro um pacote negro e pesado, depois outro prateado com um fio amarelo, depois um bastão vermelho colorido com uma luz verde na ponta. Ele olhava aquilo como se fossem animais de estimação, um bêbado viu tudo e tratou de fugir dali, bêbado que é bêbado não fica para ver qualquer coisa não, saiu dali voando. Ele estava com pressa agora, pois duas velhinhas vinham e iam e olhavam insistentemente para o moço de cabelos molhados que ia rápido pelos degraus, agora sentado com a mochila nas mãos, melhor ainda, com uma espécie de rádio no bolso; ele agora via os cirros se avolumarem, as manchas assumindo formas diversas, as velhinhas jogando comida aos pombos, sua mãezinha tinha cabelos brancos, as meninas já iam longe, os pássaros pululavam nas cercanias das árvores. Antevendo o que viria um cão farejou seus passos e parou preocupado, o bêbado apontava para o céu e fingia cochichar, mas delirava, as escadas sumiam em uma breve neblina, a praça parecia acordar agora, ele fechou os olhos e apertou o detonador.
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