A despensa de Zenofre era vazia e a sala cheia de filhos. Quinze crias Apinajé lhe dera. Mas foi Chanana a última flor inculta e bela que apressando o nascimento, fez morrer a mãe Apinajé, longe muitas léguas de seu povo.Quando resolveu falar Português, Apinajé revelou que há meses habitava as cercanias da fazenda, escondida no Grotão. À noite bebia de um rio cujo nome sua língua não falava e dividia com um bezerro as tetas de uma vaca mansa que lhe dava leite. Disse que viu a onça pintada abater a cria que para Apinajé, era um irmão-de-leite. Por isso, perseguia a pintada quando foi acuada pelos cães do homem branco. Dissera ainda, que fugira de sua tribo quando os deuses de ferro resolveram encomendar castigo de destruir a floresta. Disse que andou na densa mata durante sete luas até aportar terras mineiras e ser capturada por Zenofre, no topo de um pau-preto.
http://www.textoregistrado.com.br/exibetexto.php?cod=135897704703377000&cat=textoreg
|