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Contos-->SATANÁS, EM FIGURA DE GENTE. (conto) -- 09/10/2012 - 18:06 (Ana Zélia da Silva) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos

SATANÁS, EM FIGURA DE GENTE. (conto)
Ana Zélia
 

Aquela garota franzina, que almejava ser gente de qualquer maneira,
Aprendeu a ler precocemente, sonhava ser cantora e tentava, se fazia conhecer.
Cantava nos comícios do bairro, com uma faixa do PTB da época, o hino do partido.

Acostumada a ver o retrato de Getúlio Vargas na entrada de sua casa, tinha aquele homem como um Deus.
Certo dia, na praça onde os comícios aconteciam, houve um confronto terrível e ela fez parte deste espetáculo do qual, graças a Deus, saiu ilesa.
Foi mais ou menos assim:

Naquela noite o comício era do partido oposicionista e ela queria ver como se portavam as crianças adversárias.

Saiu ás escondidas e foi à praça.
Lá pelas tantas o candidato majoritário começou a falar e em meio à multidão uma briga começava.

Empurra, empurra de todos os lados, cabos de vassoura se truncavam no ar, a correria foi geral.
Semana antes já houvera um confronto entre partidários, tiros soaram na noite, a Polícia se fazia presente.

A correria geral e ela sem saber o que fazer.
Saira às escondidas, sua família nem de longe sonharia em sua presença naquele lugar, àquelas horas, sozinha. Fazer o quê?
Precisava sair dali e correu também. Desnorteada viu diante de si um quiosque, pequena casa de madeira, construída em cima de troncos.
Nem pensou se ela conseguiria entrar naquele espaço, mas ao terminar a briga e percebendo que o comício acabara, começou a gritar.
Gritos estridentes, amedrontados de uma criança indefesa.
A Polícia e a multidão correram ao local de onde vinha a gritaria e vendo aquela pequena perguntaram se estava baleada,

ferida, se vira algum bicho.
Quase sem voz disse:

“_Tirem-me daqui! Os sapos dormem neste lugar, eles podem urinar em mim. Estou morrendo de medo!”
Levantaram o quiosque e a menina saiu correndo.

Ao chegar a casa, sua avó perguntou de onde estava vindo com aquela cara de Satanás amedrontado.
Nem teve medo de apanhar, nem daquela velhinha, simplesmente disse:
_ “Vovó eu estava no comício e os homens tiveram que me tirar debaixo do quiosque.
Estava morrendo de medo dos sapos”.
A pequena escapou da surra, em época de eleições vem tudo à mente, ainda bem que hoje,

as brigas são na telinha, as armas são ovos, cuspe, palavrões, mesmo assim, amedronta.
De repente...
 

Manaus- 04.10.2012
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Nota da autora- Conto apresentado no Festival de Cultura, uma realidade vivida e sentida pela autora.
Minha saudosa avó dizia que “Quando a planta é boa, a semente já brota linda”.
Talvez hoje continue com o mesmo espírito combativo, acredito que o poeta não pode,
temer as tempestades, terremotos, gigantes que amedrontam, a poesia além de deleite,
deve ser denuncia, chamamento às causas nobres, um grito de socorro ou de ódio, repulsa.
A poesia é tudo. Ana Zélia


 

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