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Contos-->MEU FILHO, MINHA CRIANÇA -- 09/10/2012 - 17:30 (GIVALDO ZEFERINO) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Era uma festa em família. Parentes e alguns amigos comemoravam o aniversário de Rian, filho de Carlos e Beatriz que se regozijavam vendo toda aquela gente homenageando o filho único, um varão que naquele dia completava quinze anos de vida.
- Meu filho cresceu demais, eu nem percebi. Como o tempo passa depressa! dizia Carlos, observando Rian à distância.
- Nós é que envelhecemos depressa, meu velho. Nosso filho está apenas começando a vida, redarguiu sua esposa, Beatriz.

Carlos viajou através do tempo, revivendo os breves momentos marcantes que não se apagaram de sua memória.
- Pai, eu quero montar naquela ovelha!
- Não, senhor. Você pode levar um tombo e se machucar.
- Mas eu quero! ... Eu quero montar naquela ovelha!
Depois de longos choramingos, ele pegou a ovelha, amarrou uma corda em seu pescoço e saiu com o filho a desfilar no lombo do animal até que Rian se enfadou e partiu para outros folguedos,
- Agora, vamos jogar futebol. Você é o goleiro, Lá ia o velho jogar futebol com o filho, mesmo a contragosto; e o filho vibrava com os tentos que marcava, pois o pai era mesmo ruim de bola. Carlos tracejou um sorriso com o pensamento voltado para aquela época. Recordava a criancinha que corria com ele pelos campos, sem parar um só instante.
- Pai, o sabiá não quer sair da gaiola. Está aberta, veja, ele não sai.
- Ele está esquecido do que é liberdade, mas vai lembrar que é livre e pode voar novamente, filho. Quando isso acontecer, partirá.
Rian criava um sabiá. Gostava de ouvi-lo entoar seus gorjeios melodiosos que o embevecia, mas para isso, o sabiá pagava um preço muito alto: a sua liberdade. Nesse meio tempo, acostumou-se com a gaiola, com Rian, com a ração e a água que lhe dava todo o dia. Ao decidir libertá-lo, com certo constrangimento, em atenção aos constantes apelos do pai que não se conformava com aquele cativeiro, deixou a porta da gaiola aberta e ficou a observar. O sabiá, antes de ensaiar os primeiros cantos do dia, desceu do poleiro, comeu um pouco da ração, bebeu água, voltou ao poleiro, voou para um lado, para outro... Aí percebeu o espaço aberto, foi até a portinhola, olhou para fora... retornou ao poleiro e recomeçou a gorjear, ignorando de vez a saída. Estava acostumado com o cativeiro.
- Pode deixar, filho. Logo, ele vai convencer-se de que esta gaiola não é o seu lugar.
No dia seguinte Rian comentou ao ver a gaiola vazia:
-Pai, o sabiá foi embora.
-Enfim, ele descobriu a liberdade e percebeu o tempo perdido, prisioneiro de si mesmo - concluiu o Pai.
Certa vez, numa manhã de domingo, estavam os dois à beira da piscina da fazenda. Subitamente, pegou o filho pela cintura e o jogou dentro d’água, com a inocente intenção de fazê-lo aprender a nadar, ou talvez, para ver como ele reagia diante daquela situação. Rian ficou apavorado batendo com as mãos e os pés, afundando-se e engolindo água aos montes. Diante do desespero do filho, Carlos mergulhou imediatamente para salvar o garoto que arfava com os olhos espantados dirigidos ao pai. Em casa, a reação de Beatriz foi violenta. Ela não se conformava com a atitude de Carlos e o taxava de irresponsável, desumano, louco, sem sentimentos e outros adjetivos mais, por causa desse incidente, enquanto ele se divertia com a fúria da mulher. E o menino também ria sem saber porquê.
Carlos sentia saudade daqueles tempos quando tudo era mais simples e mais belo. Continuou reparando em Rian que se divertia com os amigos.
E ficou a pensar: Meu filho já é um homem. Mas, para mim, é e será sempre uma criança.
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