No domingo, dia 07/01 último, estive, pela segunda vez, em Praia Bela, no litoral sul de João Pessoa, após a famosa e nua Tambaba. A característica e o atrativo de Praia Bela são os montes de areia assoreados na maré baixa e as lagoas formadas entre as dunas, onde o proprietário do barzinho/restaurante arma barracas dentro da água, atende o cliente com as bebidas, tira-gostos e comidas, degustados à frente de um panorama de verdadeiro encatamento, cenário paradisíaco, inexplorado e não poluído.
Quando a maré sobe e atinge seu nível máximo, os frequentadores, como em Areia Vermelha, têm que zarpar, passando, se quiser, para a barreira elevada e continuar com a festa. Tem um detalhe, porém. No local não tem energia elétrica e assim, se a maré for subindo ao anoitecer, a zarpada será para outro local, porque a praia fica esma, escura, inconveniente para se permanecer lá, principalmente com a família e muito menos com crianças.
Mas, para uma manhã/tarde de praia, num local aprazível, com pouca gente, pouco barulho, um papo descontraído, coloquial, jogando conversa fora, não há coisa melhor. Espera-se que o turismo predatório não apareça por lá, embora o poder público possa atuar para melhorar as condições de infraestrutura, de energia, água, segurança, higiene e limpeza, não permitindo o acúmulo de lixo que, além da imundície natural, pode acarretar doenças.
O barzinho existente tem uma boa culinária, frutos do mar gostosos e bem preparados, uma fava saborosa, um arrumadinho caprichado, queijos, ovos de codorna, calabresa, tudo de caranguejo, enfim, nossa bendita mina de acepipes e nossos cozinheiros com mãos de fada para dar o "ponto" ideal para o sabor da comida.
Praia Bela está situada numa região onde pontificam Carapibus, Tabatinga, Coqueirinho, Tambaba e seu naturismo, sendo, entretanto, a mais tranquila, a mais virgem, além de realmente bela como o nome dado, coisa para relaxar, para curtir a preguiça e a falta de pressa de que chegue a segunda-feira com a ressaca e a realidade dos problemas da vida, do trabalho, do mundo que a gente passa a ver na televisão, na internet, nos jornais. Sem falar nos compromissos financeiros, no cartão de crédito e no cheque especial salvadores do domingo e estragadores da segunda-feira.
Mas a vida é assim, de encontros e desencontros, de bónus e de ónus, de descompasso entre prazeres de um dia e os desprazeres do dia seguinte. Nada disso tira o encanto de um dia ou de um fim de semana numa praia como Praia Bela, sua magia, sua privilegiada natureza formando os lagos que nos permitem um programa maravilhoso e sadio, de certo modo diferente dos points tradicionais, agitados e poluídos. O fluxo e refluxo entre as águas dos lagos e a do mar secando e enchendo desenham um movimento e pequenas ondas que fazem a festa da criançada, influenciando até os adultos a, como crianças, tentarem nadar nas superficiais águas dos lagos.
É divertimento que vale a pena, é a natureza nos oferecendo o que ela tem de melhor. E a gente ainda faz tudo para destruí-la, esquecendo que está, no final das contas, destruindo a si mesmo.
Salve a natureza! Salvem-na!
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