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Cronicas-->IMBECIS X GÊNIOS -- 07/01/2007 - 09:20 (José Virgolino de Alencar) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos

Diz André Comte-Sponville, filósofo e novo guru da intelectualidade ocidental, que "existem imbecis felizes e gênios infelizes". Eu prefiro generalizar e dizer que "os imbecis são felizes e os gênios são infelizes".

Os imbecis são felizes com o dinheiro, com suas mansões, com seus carrões, com a badalação, com seus objetos e equipamentos da moderna tecnologia. Os imbecis são felizes com faustosos banquetes, com suas fotos e seus nomes nas colunas sociais e, melhor ainda, em revistas como Caras, onde os homens mostram as caras e as mulheres mostram as bundas, quando não as pernas abertas e sem calcinhas, principalmente quando tem um paparazzi por perto.

Os imbecis são felizes lendo Paulo Coelho, ouvindo, fazendo de conta que entendem, Mozart, Beethoven, Chopin, Montserrat Caballero, Pavarotti, são felizes jogando golfe, tênis, como admirando, em museus, as obras de arte, especialmente as de cabeça para baixo. Enfim, o imbecil é feliz com o que não lhe cansar a mente, não exigir esforço de raciocínio, não obrigar-lhe pensar, com o que ele possa curtir observando superficial e linearmente.

Os gênios, paradoxalmente, por serem gênios, deviam ser felizes, mas não são. Tudo aquilo que faz a cabeça do imbecil deixa o gênio frustrado, incrédulo e até irado. O gênio vive a eterna busca da descoberta da essência do universo, do saber transcendental, metafísico, de difícil alcance, e não quer perder seu tempo com futilidades, com superficialidades. A profundidade e extensão do saber são longínquas, icomensuráveis, infinitas mesmo.

O gênio se angustia por não atingir o àmago do conhecimento, o que o faz infeliz. As coisas da vida fútil o gênio entende fácil, são para ele informação rasteira, não lhe exige qualquer esforço mental para sua compreensão, não o desafia, não lhe agrada, deixa nele uma sensação monótona, não lhe dá prazer.

Como a imbecilidade domina o mundo, os imbecis são maioria, os gênios são angustiados, introspectivos, infelizes, enfim. São infelizes porque os imbecis, na sua eufórica imbecilidade, na sua felicidade idiota, vazia, no seu mergulho alienado na futilidade, não conseguem ver o gênio, tangenciam na convivência com ele, faz dele um ser invisível, irreconhecível e irreconhecido.

O gênio é mais escondido e menos apreciado do que os Extraterrestres. Os ET´s são mais bem vistos pelos imbecis por acharem estes que eles (os ET´s) existem além das telas de TV ou de cinema, que reconhecê-los significa sapiência, boa informação. Num mundo assim, não poderia ser diferente, os imbecis são felizes e os gênios são infelizes.

Não quero com isso estabelecer um fronteira rígida separando a imbecilidade da genialidade. Entre as duas vertentes há um espaçoso terreno onde permeia uma variedade de estratos do conhecimento humano e humanístico, uns detestáveis, outros respeitáveis.

O certo é que há os imbecis totais, felizes, e os gênios completos, mas infelizes.

Infelizmente!

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