Meu nome é Hull de La Fuente, meu nascimento ocorreu por volta das sete horas da noite de 27 de setembro, num ano do século passado, em Tesouro, Mato Grosso. O lugar está no mapa e acredito que ainda exista, isto é, se não acabou em buraco, pois era uma região de garimpo de diamantes. Sou a terceira filha do casal Mozart e Josefa.
As primeiras letras eu aprendi no Grupo Escolar da Fundação Brasil Central, em Aragarças, que também está no mapa. Fica bem ali coladinha à Barra do Garças, separadas pelos rios Garças e Araguaia. Depois, fui mandada para o internato salesiano, em Meruri, Mato grosso. Era uma reserva indígena cercada de índios bororos por todos os lados. As freiras eram iguais a todas as freiras, algumas severas, outras, normais e bondosas. Terminado o primário, fui pra outro internato em Guiratinga/MT, para cursar o Normal Regional. Então apareceu a irmã Rita, a professora de matemática. Eu nunca consegui saber o que era mais terrível, se a matemática ou o gênio da freira. Mas escapei da irmã Rita graças a JK. Brasília estava em construção e meu pai trabalhava no Departamento cultural da NOVACAP. Deixei o internato e vim ao encontro de dom Mozart, meu pai. Consegui a vaga de auxiliar de escritório no mesmo Departamento Cultural. Ainda guardo a carteira de trabalho de menor, como lembrança. Como era de se esperar na vida de uma garota, namorei, noivei, deixei o trabalho, casei, tive um filho, ajudei-o a plantar uma árvore, depois chorei, sofri, me separei. Voltei à casa dos meus pais, aos estudos, ao trabalho. Na reconstrução da minha vida, conclui a Faculdade de Direito. Conheci o meu companheiro. Trabalhei no IBGE, no Ministério do Planejamento, na Agência de Cooperação Técnica do Ministério das Relações Exteriores. Acumulei experiências e lembranças. Um dia, meu companheiro foi removido para o Consulado Geral do Brasil em Milão. Pedi aposentadoria proporcional e o acompanhei. No consulado trabalhei como contratada local, durante a nossa permanência naquele país. Foram anos de muito prazer e também de muitas saudades do Brasil. Um dia, num dos meus costumeiros passeios dominicais pelas livrarias e cafés de Milão, ao sair do prédio onde eu morava, encontrei um gatinho. Era um gato de rua gordo e bonito, bem comum na Itália. Ele andou em minha direção e miou três vezes. Pediu-me comida. Olhei-o e reconheci em seus olhos à mesma expressão amiga do gato da minha infância. Dei comida a ele e no mesmo momento vi aproximar-se meia dúzia de outros gatos. Todos se tornaram fregueses das latinhas de ração que eu comprava toda semana. O convívio com aqueles gatos trouxe de volta as lembranças da infância no Centro Oeste do Brasil. Então eu decidi escrever a história do gato Paizinho que escolheu para amiga a Menina da Chácara. Mas descobri que escrever torna-se um vício delicioso. Continuei escrevendo, associado ao meu hobby de fotografias, pequenas crônicas e quadrinhas, para os objetos de minhas fotos: as árvores de Brasília.
Livros Publicados:
Obras Publicadas
Os poemas "Presença" e "Estar Perto" publicados na I ANTOLOGIA NACIONAL DE POESIA,
Novos Poetas, Novos Talentos, pela Mar de Idéias Editora, em janeiro de de 2006.