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cronicas-->Reflexos -- 19/12/2006 - 11:01 (flavio gimenez) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Sentia-me irritadiço. Em meio ao caos dos papéis, tintas e vernizes, eu ousava dizer que me sentia deslocado. Um espelho era minha única testemunha, eu que já ouvira tanto falar de testemunhas estranhas em casos grotescos de um passado não tão distante. O tempo produz aberrações, eu suponho ser este um processo natural, a gente se esquece de coisas prosaicas primeiro, depois de grandes coisas, finalmente nos esquecemos de tudo que nos cerca, mas restam os espelhos, estes cruéis testemunhos de nosso antigo passado a limpo. Eles acalentam nossa juventude, estes perversos companheiros. Iluminam nossos olhos com a visão de nossas almas empedernidas (quem não se lembra de Fausto?) ou de nossos olhos ainda puros da manhã de nossas vidas. Um olhar e basta para que um final se dissipe ou um começo se exacerbe; são nossos dias, temos o tempo à disposição, são nossas eras. Mas o espelho está lá, indecifrável e quando sorrimos ou ensaiamos um esgar, ele nos fuzila com um olhar moribundo e o mais que temos a fazer é chorar copiosamente, porque a verdade está lá, literalmente estampada em nossos rostos que se sulcam irreversivelmente de vales, crateras e cumes de proporção variável e grosseira. Talvez eu esteja sendo cruel, eu olho e me vejo ainda um pouco digamos...Mas a superfície de líquida luz se dissolve em pontos infinitos, quem disse que o mundo não é plano? É, plano como a superfície cruel do carrasco de nossos sonhos, este refletor de idéias e inverdades dos mais diversos tipos e esferas. Os gonzos do Universo se multiplicam em cruéis risadas, mas plano e imutável ele fita nossas vidas se esvaírem sem horror ou pranto algum: Apenas executa a tarefa de nos colocar em paralelismo com a quimera do sonho empedernido e do possível vão do Abismo. Nãp é para isto que ele existe, este cadafalso de prata onde oferecemos nossos pescoços invertidos? Não é então a falsa onda de líquido mercúrio que nos afoga após a festa desmesurada que nos atingiu em cheio a honra e lavamos de uma goma esverdeada tão límpida superfície inconteste de nossos dias? Ah, Rainha Má, não é de todo bom repetir a clássica pergunta ou sendo meio presunçoso perguntar ao ser de prata que nos esgazeia as pupilas, espelho espelho meu...ser ou não ser? Uma questão inconveniente diante da eternidade das imagens que ele fotografa para a posteridade, que guarda em infinitas ondas as muitas gerações que passaram adiante em sua infinda e incansável tarefa de nos mostrar o quanto somos, na medida do possível, infinitos nós de luz emaranhada.

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