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Contos-->Por acaso (Parte II) -- 09/05/2001 - 14:15 (Luís Augusto Marcelino) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Durante os meses seguintes persegui Carolaine. Descobri seu horário de saída, seu itinerário, o sanduíche preferido e o gênero de cinema que mais gostava. Ela, vaidosa, jamais ia para a parada de ônibus com seu uniforme de trabalho. Carregava consigo uma bolsa média que, supunha, escondia a roupa que usava no batente. De tanto acompanhar seus passos modifiquei radicalmente minha rotina. Tornei-me mais ágil. Ao contrário do passado, corria para terminar o serviço o mais rápido possível. Larguei o fliperama e o mate-com-limão diário no cruzamento da São João com a Rio Branco. O churrasco grego também se tornou mais raro naqueles dias. O importante para mim era ter um tempo livre para visitar a deusa do elevador. Todos no escritório estranharam minha repentina mudança de comportamento. Passei a me vestir melhor. Deixei de lado a camiseta para fora da calça e os tênis de design extravagante. Ao invés do visual de roqueiro, cabelos aparados e barba bem feita. Mas, invariavelmente, o tempo que gastava perambulando pelo Centro era maior do que o necessário.

Junho pedia passagem para tomar seu lugar no calendário daquele ano quando juntei as economias e resolvi presentear minha musa. Fui ao Arouche e encomendei o arranjo de flores mais pomposo. Também comprei um daqueles cartões musicais de impressionar - pelo menos na época. Para completar, uma caixa de bombons dos mais caros, desejados por seis em cada dez mulheres que não estavam em regime e por nove em cada dez que se submetiam a dietas de toda espécie. Juntei tudo e pedi para um colega de trabalho entregar para Carolaine. Fiquei na espreita. O texto do cartão insinuava um encontro numa sorveteria aconchegante da Rua Marconi. Flávio, meu amigo, entrou no prédio ao meio-dia, e eu fiquei em frente, esperando Carolaine sair para agradecer. Mal sabia quem eu era... Um desfile da TFP interrompeu meu pensamento. Todos loirinhos, de olhos claros, postura ereta, andar firme. Protestavam contra a Reforma Agrária. Eu não entendia nada. Nem de Sem-terra nem de TFP. Gostava de festivais de rock e de filmes de ação. E de Carolaine. Passaram. Flávio demorou a sair e, quando o fez, quase me matou do coração. Trazia as quinquilharias nas mãos. Carolaine teria recusado meus presentes?

- A moça foi demitida - afirmou Flávio.

Como assim? Demitida? Havia perdido a chance de me aproximar de Carolaine. Mais uma vez o destino me afastara da minha paixão. Onde encontrar Carolaine?
X X X

(continua na próxima semana)
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