MÃE AUSENTE
J.B.Xavier
Neste dia das mães,
Quando
O mundo inteiro canta as harmonias
De um anjo
Em forma de mulher,
Quando
Todos se reúnem em alegria
Ao redor da mesa farta,
Quando
Os abraços finalmente
Tornam-se a linguagem universal,
E da alma humana enfim
Brota o amor,
Quero verter
Algumas palavras de conforto
Àqueles que assistem a esta festa maior
Por uma fresta no cortinado dos bastidores.;
Por aqueles que, ardendo de amores,
Já não têm esse anjo ao seu redor.
Minhas lembranças vão agora
Para o menor abandonado,
Aqueles
Cujas mães não compreenderam
A sublime missão que receberam
Do criador.
Neste momento
Estou solidário
Aos que tem fome de amor.
Não do amor da esposa
Ou do amor fraterno.
Não!
Sou solidário
Aos que, neste dia,
Têm fome de amor materno!
Desejo ardentemente,
Que, durante a festa
Que se espalha pela maioria dos lares,
Faça-se um momento de silêncio
Por aqueles que, em vários lugares,
Vertem lágrimas sofridas
Pela ausência indesejada.
Estejam em guerras envolvidos,
Ou nos descaminhos da vida,
Perdidos,
Ou na sarjeta da calçada,
Lembremo-nos
Que em cada um desses andarilhos,
Pulsa saudoso,
O coração de um filho!
Não desejo
Que a festa do abençoado,
Daquele que têm a mãe ao seu lado,
E em sua face
Pode ainda depositar um beijo,
Seja ensombrecida
Pela lembrança de muitos infelizes.
Antes,
Desejo que os matizes
Dessa saudade atroz,
Dos que têm apenas uma foto dela
– ou nem isso –
Cale em nós,
E faça com que valorizemos as partidas,
Abracemo-nos nas chegadas
E nos lembremos do efêmero da vida.
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