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Poesias-->FMM - DEZ SONETOS INÉDITOS -- 30/06/2014 - 18:21 (Francisco Miguel de Moura) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos


FMM -DEZ SONETOS INÉDITOS



 


AS CHAVES

 


              

Francisco 

Miguel 

de 

Moura*





 

Quero um soneto apaixonado e terso

Na forma e no sabor, todo poesia...

Com métrica, com rima, com harmonia,

Da maneira que deve ser o verso.



Cobrirei o meu rosto, já disperso,

Contra as sombras do que é antipoesia,

Para ganhar imagens, numa orgia

Orquestrada de luzes do universo.



Quero subir acima desses tetos,

Ser entre amados o melhor amante,

tendo a arte e o vigor dos arquitetos.



E espantarei ladrões a meu talante:

Com chaves d’ouro abrindo os meus sonetos,

Porém fechando a chaves de diamante.





DESEJOS DE MORRER





Eu queria morrer sem nenhum lobe

De médico, de hospital,tão livremente

Que pudesse descer como quedm sobe

E verdadeiro estar de corpo e mente.



Morrer alegre. Nada alguém me cobre,

Que a morte nos recebe alegremente.

Ela é deusa também e deusa nobre,

Água pura da fonte lá no poente.



Eu queria morrer de modo vário

Como uma brincadeira de menino...

Mas, por outra, quem quer morrer? Jamais!



Porém, chegando o tempo necessário,

Terei na boca um riso fescinino

Que cause inveja a quem ficou pra trás.





FAZER AMOR





Fazer amor, um verbo tão moderno

E tão antigo, quando se analisa.

Quer seja feito nu ou com camisa,

Amor se faz jurando amor eterno.



Faz-se amor nos amassos ou no aliso,

É noite e dia. Amor, que doce inferno!

Nas quentes estações ou pelo inverno,

Amor se faz no lucro ou no prejuízo.



Amor se faz calado e faz-se aos gritos

De dor e de alegria, em seus atritos,

Em pé, no chão, na rede e até na cama.



E faz-se amor no carro e no motel,

Amor aos poucos, muito, ou a granel...

Tanto amor que se faz!...  Por que não se ama?



                      

O FIM DO AMOR





Tantas luzes outrora nas ribaltas,

Tantas provocações, desejos tantos!

Rolam soltos enganos e vaidades,

Perdidas emoções a cada instante.



Mais do que isto, Amor caiu doente,

Vitimado por séculos de orgias.

Se à festa da amizade ele traiu-se,

Morre o amor, contaminado e triste.



Resta angústia, agonia... O que mais resta?

Resta que o mundo é mau e sem piedade,

E a ferrugem corroi tudo o que importa.



Escapa mal a vida, em via estreita,

Pois Amor sem amor morreu faminto,

Anêmico, infeliz, com a boca torta.





SEM MEMÓRIA





Minha cidade é chão, pedra e poeira,

E lá ficou sequer sem despedida.

Filho de um andarilho, eis minha vida

Que se perdeu em parte: – eira sem beira.



Outras cidades (contam-se às dezenas),

Onde vivi... deixei-as sem sem vaidade...

E eu lhes dizia em tom de piedade:

- Nossos cabelos servirão de antenas!



As luzes, apaguei, mas sem fastio,

Limpando os pés no chão por atavio,

Pensando em reescrever a minha história.



Hoje, se me perguntam: Aonde vais?

De expatriado e triste, eu solto os ais

Sepultados nos antros da memória.

          



SOBRE-(MIM)-VIVEU





Ele não teve a casa onde nasceu

Nem um menor irmão com quem brincar.

No coração só quis o amor guardar,

Mas desse amor só a paixão lhe veio.



Era um pingo de gente... Nem cresceu

Da fome que passou... Chupava o ar

E outras vezes comia o próprio lar

De paredes de barro. E ficou feio!



Esperava com  medo a mãe ausente,

Pois no quintal dos fundos à sua frente

Via um diabo da cor do próprio breu.



Quase a morrer de sustos, ansiava

Pela volta da mãe que tanto amava...

Esse menino sobre-(mim)-viveu



                       

SOMBRA





Tenho lido e relido em vários tomos,

E não vejo do tempo a claridade.

O amor, que era brinquedo, por vaidade,

Hoje só mostra a palhaçada, os momos.



O passado é a sombra do que somos:

Alegrias, tristezas, com saudade.

O passado é perfume, é a amizade

Ou o que restou dos nossos cromossomos.



Não sei se o sol fugiu de mim tão cedo

Que nem lembro seus raios no arvoredo,

Nem me cegou sua luz por ofuscante.



Por que é que a vida me saiu tão triste?

Não sei nem quero. Mas, enfim, resiste,

A merencória sombra em cada instante.





 SÓ ME CANSO DE MIM





Só me canso de mim quando repito

Uma amor sem amor, grande ou pequeno:

Quando por repetir sou mais sereno

Do que o pulsar de uma paixão sem grito.



Só me canso de mim se sou pequeno

Quando a ação mais sentida não repito,

E,em lugar de mil berros, nem um grito,

E ao invés de severo sou sereno.



Só me canso de mim quando me cito

Em vez de grandes, poderosos mestres,

Para que noutro ouvido seja atrito.



Só me canso em saber que sou terreno...

Só me canso em saber, entre os terrestres,

Que sou deus, mas um deus muito pequeno.



        

TERESA

     Homenagem ao grande Castro Alves







“A vez primeira que eu fitei Teresa”

Vi nos seus olhos uma sofredora,

Tinha uma perna curta e a outra tesa,

Porém, meu Deus, que voz encantadora!



Já da segunda vez que eu vi Teresa,

Ela se apresentou tão amorosa,

Em seus olhos – o brilho da beleza,

Em seu andar – que dança audaciosa!



Surpreso, na terceira vez apenas,

Amei Teresa e ergui minhas antenas,

Perguntando: - Enganaste a natureza?



Por ela apaixonei-me qual infante,

Com ciúmes do seu primeiro amante...

“E foi a última vez que vi Teresa,”





 POETA FUI





Poeta fui, e fui desde os primeiros

Anos até saber-me um sonhador;

Na minha adolescência, tanto ardor

Aproveitei em versos prazenteiros.



Poeta fui, explorei as sutilezas

Nas palavras, nas coisas, sem temor

De errar a rima, o metro, e sem fragor,

Da mulher desfrutei tantas surpresas.



Poeta fui, do namoro ao casamento,

Desde o primeiro ao último rebento,

Até gostei dos meus cinquenta anos.



Mas duro é ser poeta dos setenta,

Quando osso quebra e vaso se arrebenta,

Sem se queixar das dores, desenganos.






____________





*Francisco Miguel de Moura, poeta brasileiro, moderno, ultramoderno e também passadista, se assim quiserem: faz desde trovas a haikais, sonetos, poemas longos, rimados ou não, poemas concretos... Nasceu em Francisco Santos – PI, mas é registrado como picoense, pois naquele tempo (1933), Jenipapeiro, que depois se transformou na cidade Francisco Santos, era pertencente ao município de Picos - PI. Mora em Teresina, PI, onde construiu toda sua obra até agora, onde deseja ser sepultado, onde deseja vivem no mínimo cem anos. Obra: Areias (1966), estreia, mais trinta e tantos outros livros – mais da metade de poesia. Agora está publicando sua obra Poesia in Completa, 2ª edição revista e aumentada (em um só volume de 700 e tantas páginas). Esclareço: NENHUM DESTES SONESTOS CONSTAM DO LIVRO  “Poesia in Completa”, 2ª edição. Daí a razão de minha publicação aqui e agora.






 


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