Novidades não temos para contar, apenas os casos corriqueiros que são muitos e que não expressam com exatidão o desenvolvimento dos trabalhos socorristas, pois, dada a constante repetição dos relatos, pode parecer aos encarnados que pouco fazemos em prol dos que se encontram perdidos, ao desamparo, longe das leis do amor e da caridade. Não que tenhamos pouco trabalho, mas o que ocorre é que os homens estão a todo momento a julgar-se superiores e estão desejando crescer ainda mais, principalmente no âmbito do sucesso pessoal diante dos seus semelhantes.
Sabemos que é triste receber sempre informações de desgraças, de deslizes e de penalidades. Nós também gostaríamos de poder relatar casos alegres, em que o mérito suplantou a dor e mais alguém foi reconhecido como bom pela divina justiça e integrado aos círculos superiores. Na verdade, isto ocorre a toda hora, mas o trabalho não é mais destas equipes de socorristas, que estão no primeiro plano da frente da batalha que se trava entre o bem e o mal. Aqueles seres que ascendem aos planos mais elevados têm méritos próprios, que só eles são capazes de contar, se estiverem para isso autorizados por quem de direito, pois a nossa escala hierárquica é rigorosamente cumprida.
Sendo assim, vamos ter de insistir nos casos mais comezinhos, que são os a que temos acesso. Por isso é que estes textos parecem intermináveis e extenuantes, pois se deparam sempre com os mesmos problemas e são sempre os mesmos os meios que apresentamos para superação dos males.
Evidentemente, existem casos mais palpitantes, mais ilustrativos e mais significativos para a literatura mediúnica. Mas tais casos acontecem em circunstâncias outras bem diferenciadas das estruturas psicossociais em que os homens estão imersos neste momento. Mais tarde, quando mudar a sociedade e se apresentarem problemas de outra ordem, é evidente que os relatos também se alterarão e buscarão ilustrar o momento que passa, para insuflar nos corações humanos possibilidades de superação, segundo a natureza do problema.
Por ora, saibamos controlar os nossos apetites, a nossa curiosidade mórbida, a avidez que temos de conhecer as mazelas dos outros. Saibamos ater-nos a considerar tão-só os nossos arremessos, analisando-os à luz dos conhecimentos evangélicos disponíveis, para que tenhamos a possibilidade de incentivar os nossos atos bons e de desestimular os nossos impulsos nocivos e perniciosos. Deste teor de texto é difícil fugir, sem que resvalemos para atitudes meramente artificiais, sem contacto com nossa realidade e, portanto, sem que estejamos fazendo obra de ficção.
O nosso desejo íntimo, para o qual fomos devidamente instruídos, é o de conduzir a humanidade para a consecução de seus objetivos de vida, em primeiro lugar, e existenciais, ao final. Sendo assim, armem-se, amigos, de persistente paciência, para nos aturar em nossa insistente luta, em prol do esclarecimento oportuno das faltas que hoje grassam por todos os cantos da Terra.
Saibamos concentrar-nos em nós e evitemos julgar o próximo, mas estejamos atentos para surpreender a falha onde estiver e preparados para apresentar a melhor solução. Nesse sentido, é preciso enaltecer o valor da prece, que irá religar os dois planos de nossa realidade e que atrelará ao carro humano também a força de tração que se situa no plano dos espíritos, para que juntos possamos carregar o peso dos infortúnios de quantos se vêem presos, sob o domínio da carne.
Graças a Deus, irmãozinho, pudemos trazer, também nós, o nosso texto, e estamos muito contentes por termos podido terminar sem percalços, cheios de esperança de que um pouco de luz se fará, se alguém se dispuser a meditar a respeito de nossas palavras!
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