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Artigos-->O ANTIGO AMOR DE HOJE -- 03/02/2003 - 06:59 (OLYMPIA SALETE RODRIGUES - 2 (visite a página ROSAPIA)) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
O ANTIGO AMOR DE HOJE



Não faz muito tempo existia um enorme preconceito quanto ao envolvimento de uma mulher com um parceiro com considerável diferença de idade, quando para menos. Chegava a ser insustentável a situação. O mesmo preconceito não existia quando o envolvimento era entre um homem em idade avançada com uma garota, embora quase sempre ficasse no ar uma indagação: “o que será que ela viu nele?”. Se o homem tinha posses, geralmente o caráter da mulher era colocado em dúvida, sugerindo interesse financeiro de sua parte.



Entretanto, em ambas as situações, tomávamos conhecimento de muitos casos que deram certíssimo. Mesmo assim, mais homens idosos eram encontrados com mulheres jovens do que o contrário. Mas, sem dúvida, a convivência com esses fatos concretos colaborou para que o preconceito se abrandasse.



Hoje vemos como se multiplicam os casos entre as mulheres maduras com jovens às vezes até com grandes diferenças etárias. E muitos ainda se espantam quando constatam que a relação é firme, duradoura, de amor verdadeiro, pouco importando a posição econômica ou social e até mesmo a beleza física.



Estaria o mundo “de pernas para o ar”, como se diz popularmente? O que levaria pessoas a essa atração sem as justificativas dos modelos sociais ou estéticos determinados pelas antigas preferências?



Abordo esse tema para colocar conclusões muito pessoais, visto não conhecer ainda estatísticas ou farta literatura para estabelecer parâmetros. Conto apenas, além de minha própria experiência, com a observação de casais que ficam em evidência (inclusive na mídia) e com algumas oportunidades de contatos com pessoas de minhas relações ou por correspondência.



O amor parece mesmo ser a mola principal que impulsiona esses casais a esse tipo de parceria. Em geral o homem mais jovem se entende muito bem, sexualmente falando, com a mulher mais velha. Levando em conta a grande influência do virtual, vemos muito, em chats, onde não se pretende falar de amor, jovens declarando preferências por mulheres maduras e experientes, o que já indica uma grande abertura. No plano real, isso parece cada vez mais confirmado. Além da maturidade sexual, a mulher vivida tem todo um cabedal de experiências que lhe confere a sabedoria da vida prática. Isso dará ao parceiro uma chance maior de amadurecer e encontrar o próprio equilíbrio. Talvez uma percepção de todas essas vantagens atraiam o jovem, levando-o à aproximação que dá chance ao amor. Se o sentimento se concretiza, elevem-se todos os fatores positivos ao superlativo, não apenas para o jovem, mas também para a mulher madura, pois ela, com maior vantagem, sabe valorizar e engrandecer um amor.



Falo aqui dos aspectos afetivos, mas não podemos ignorar os práticos, caso o casal opte por uma vida em comum, por exemplo: casar ou não oficialmente, ter ou não filhos, assumir ou não filhos de um ou dos dois envolvidos, as relações com ambas as famílias, e outros detalhes que só interessam depois da opção afetiva.



E aqui dou meu depoimento pessoal. Na minha experiência, tive dois relacionamentos à época considerados “normais”. Um com um homem cerca de vinte anos mais velho, relacionamento excelente porque o amor existiu e persistiu o grande respeito que nos dedicávamos desde muito tempo. Outro com um parceiro poucos anos mais novo, mas ainda na minha faixa etária. Este relacionamento, apesar de algumas turbulências consideradas normais, foi bom, tranqüilo, transformando-se em uma amizade grande onde perdurava a atração física. Posso dizer que foram doze anos de convivência acima de razoável. Os demais foram todos com homens mais novos e parece que, à medida que minha idade subia, descia a faixa etária dos companheiros. E isso não foi procurado nem planejado, por mim ou pelo eventual parceiro. Simplesmente acontecia: o conhecimento, ocasião em que não havia o menor interesse de ambas as partes, a atração, em geral pelo bom papo, a consolidação de uma amizade e o amor que, muitas vezes, nos surpreendeu a ambos. Com raríssimas exceções, não tenho queixas mais sérias ou mágoas mais profundas desses companheiros. Sou o tipo que se entrega ao amor desmedidamente, o que alguns reprovam, mas eu aprovo e não pretendo mudar, pela convicção que tenho de que, se é amor, tem que ser curtido até a última gota. Não tenho o hábito de dissimular ou fazer joguinhos amorosos. A sedução normal existe, é claro, pois necessária e muito saudável. Mas não a sedução com segundas intenções, o que muitas vezes descamba para a deslealdade e pode tornar-se cruel. O amor não é um jogo, jogam com ele os viciados, em geral pessoas que desconfiam de tudo, até de si mesmas e com razão, pois isso as torna inseguras. Encaro sempre o companheiro com muita seriedade, com respeito e dentro da dignidade, fator este de minha máxima exigência. Graças justamente ao tempo vivido, sentimentos menores como posse e ciúme, que sobrevêm sempre em nossa condição humana, são vencidos com o diálogo e a proposta, sempre levantada e cumprida, da verdade entre a gente.



Questionarão alguns: mas é o amor perfeito... por que acaba? Justa colocação. Em primeiro lugar, não é perfeito e isso certamente não existe. Aos problemas surgidos, se há lealdade, seguem-se entendimentos e até discussões. Resolvidos possíveis conflitos ou mesmo mágoas, a relação continua tranqüila até o próximo embate. Num determinado lance o entendimento não ocorre, uma das partes não se convence e não aceita, se a outra não cede, é a hora do fim. O que não quer dizer que ambos não continuem a se respeitar e a aceitar os limites do outro. E, muitas vezes, percebem que o amor não mais existe e a separação pode ser para sempre. E para ambos, mesmo que fiquem mágoas, fica a lembrança sempre agradável dos bons momentos e a riqueza da experiência que o amor acabado não pode anular.



Mas qual a atração que culminou na união? Cada caso é um caso, não existem dois iguais. E lembro aqui novamente o advento do virtual e sua importância, pois nele as pessoas se soltam e se colocam sem grandes temores, muitas vezes sendo no virtual o início da relação. Certamente há identificações, posições semelhantes, idéias e ideais coincidentes, modos de vida adaptáveis, nenhum ou poucos elementos conflitantes. Em geral a atração sexual se adianta, pois de uma mulher madura não se espera aquele tempo longo de namoro, mãozinha na mãozinha, encontros furtivos, beijinhos roubados... Se o sexo é entre satisfatório e ótimo, o primeiro passo está dado. Mas o ideal é que as idéias já tenham se combinado para evitar enganos posteriores. Na relação, a mulher tem grande facilidade de entender o companheiro, exatamente porque viveu mais que ele e, em geral, consegue ser mais tolerante. Se algum posicionamento radical aparece na mulher, é o companheiro jovem que tem mais condições de entender, sabendo que as posições dela são firmadas de longa data, o que torna difícil delas abrir mão. Mas isso se resolve, em geral, em diálogos abertos, francos e com boa vontade de ambas as partes. O jovem sempre se sente seguro diante da sabedoria prática da mulher, enquanto ela tem oportunidade de se renovar com as idéias e concepções novas e até extravagantes do companheiro, menos experiente mas mais enfronhado com o avanço do mundo. E a relação pode ser fonte inesgotável de enriquecimento mútuo.



Penso que essas constatações são o suficiente para explicar a multiplicação dos casos de amor entre mulheres maduras e homens mais jovens. O amor de hoje é o mesmo amor antigo, que sempre existiu e existirá. Há séculos o coração do homem vibra do mesmo jeito e implora a mesma coisa: amar, amar, amar. E é o mesmo amor que pede passagem num mundo que muda para melhor. Que saibamos todos reverenciar os amores vividos em tempos diversos e diferentes compassos.



Um mundo sempre novo nos espera. E não está de cabeça pra baixo... Apenas acerta seus passos com as ânsias e os sentimentos que brotam incansavelmente nos corações humanos.




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