APROVEITO O SILÊNCIO DA TARDE
E A SOLIDÃO DEIXADA PELA AUSÊNCIA DE TODOS.
TIRO AS FOTOS DA MALA
QUE DORMEM TRANQUILAS ATRÁS DO PIANO.
EU MESMA ESTOU FAZENDO.
DUZIAS DE DIAS, CENTENAS DE HORAS
MILHARES DE MINUTOS,
A OLHAR PARA A FOTO E PARA O PAPEL BRANCO.
UM TRAÇO DAQUI, E DALI,
UM ACERTO, O BRILHO NOS OLHOS,
NOS DENTES, DETALHES DA ROUPA,
O NÓ DA GRAVATA, E PRONTO.
MUITO MAIS DO QUE UMA FOTO DIGITAL
ALI ESTÁ TUA IMAGEM, TRATADA EM MINHA RETINA
EXPULSA NO GRAFITE DO LÁPIS
E FIXADA NA TRAMA DO PAPEL.
TIRO DA PRANCHETA, FIXO NA PAREDE TODA BRANCA.
SENTO NO SOFÁ, E ALI,
DE LONGE, ADMIRO A OBRA.
O SORRISO SAFADO, O OLHAR APERTADO...
SABIAS BEM QUE A POSE ME PERTENCERIA.
ERA UM OLHAR SÓ MEU, UM SORRISO SÓ MEU.
E ALI ESTAVA. PARA SEMPRE RETRATADO,
EM PÓ COLORIDO, SAÍDO DA MINHA ALMA
E ESTAMPADO NO PAPEL.
VALENTINA FRAGA |
