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Artigos-->Psicologia e Previdência: Relato de Uma Experiência -- 03/02/2003 - 05:48 (Elane Tomich) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos


A PSICOLOGIA NO IPSEMG- FAMÍLIA

(Relato de uma experiência)



" O verdadeiro homem envergonha-se de que suas palavras sejam melhores que suas açôes. "

(Confúcio)





Após um ano do nosso trabalho no IPSEMG - Família **, ousamos chegar a algumas conclusões teóricas, resultantes de uma prática desafiadora e instigante. Muitas vezes nossa persistência e criatividade foram colocadas à prova.

Partimos do pressuposto de que o novo progama surgia para resgatar com todas as letras e forças simbólica e concretas, o termo cidadania.

O simbólico,passa a fazer parte das muitas facetas que fazem um indivíduo considerar-se cidadão reforçando aspectos posistivos da sua identidade. Ser bem tratado é um grande antídoto contra os estigmas introjetados; eu sou, passa, com o tempo, a substiuir o eu não posso.

O concreto é a ação em campo e a necessidade de recriarmos metologias para resultados práticos e urgentes, rompendo com o academicismo e também de revermos planos de ação a partir dos resultados obtidos

Qualquer instituição deve ter uma conotação construtiva na formação do cidadão: sujeito que constrói a sociedade (e suas instituições) que o constrói. O ser criativo, sujeito e, não objeto, da sentença da sua vida. O termo sujeito está sendo ultilizado aqui, preferencialmente ao termo indivíduo, para caracterizar melhor aquele que age com as responsabilidades e comprometimentos necessários, em relação ao seu tempo e sua comunidade.

Ora, todo o trabalho do IPSEMG - Família sempre colocou o que está dito nos parágrafos acima ,como seu princípio maior. Nem mais nem menos

. O que torna mais importante, ressaltar é que vivemos num mundo de enormes contradiçôes9 nenhuma novidade, mas realidade, assim mesmo) especialmente em países como o nosso. Convivemos com o alto nível de conquistas tecnológicas mundializadas e, ao mesmo tempo, com a exclusão social que, se é uma característica disseminada nos chamados bolsões de pobreza em todo o mundo, é gritante na nossa região, os Vales do Jequitinhonha e Mucuri.

Segundo os novos conceitos da Organização Mundial de Saúde, endemias e epidemias , hoje, ultrapassam os conceitos biológicos de saúde .Por exemplo, em nossa região a violência surge como epidemia, causando sérios distúrbios psico- sociais e têm como causa principal a fome endêmica , que nesta região mata mais que a esquitosomose e hanseníase, também endêmicas.

Contraditoriamente, por omissão ou ignorância, as instituições diretamente ligadas à promoção do bem estar do indivíduo, como saúde e educação são as que mais falham onde mais se precisa. Este era e continua sendo o grande desafio do nosso trabalho em Teófilo Otoni: convivemos com altíssimos níveis de violência, desemprego, alcoolismo e outras drogas em geral, desestruturação familiar, desesperança juvenil, prostituição infantil e incesto.

Embora estejamos lidando, basicamente com a categoria profissional de professores estaduais e servidores do judiciário, que incluem os agentes penitenciários e serviços gerais,a miséria social e não apenas econômica, escorre por toda a sociedade contaminando-a como se fosse uma ideologia de má fé.

A desestruturação familiar espalha-se por toda a comunidade, não respeitando mais classes ou corporações. Como se fosse um modismo perverso.

O trabalho psicológico deve ser principalmente preventivo, mas deve conviver também, especialmente nas instituiçôes de formação do cidadão ( aqui o binômio saúde- escola é indissolúvel ), com os padrões "desviantes" de comportamento , ou padrôes considerados inadequados pela sociedade.

O desvio e inadequação devem ser bem pesquisados, pois, quase sempre são fatores que não vêm de uma gênese do indivíduo mas de um contexto social conturbado, para que o ser humano absorva tantos conflitos, sem se ferir: o usuário do IPSEMG - Família, tem absorvido entre outras coisas,tais conflitos em forma de doenças somáticas e psicológicas dentro da praga de uma série de conflitos e incertezas sociais.Como todo ser humano, aliás, diante das incetezas e pressões econômico-sociais.

Temos no IPSEMG- Família duas das formas principais de atuar na psicologia: a clínica e a institucional.

Na clínica, a grande demanda tem sido os casos de alcoolismo, stress generalizado em todas as suas manifestaçôes conhecidas e possíveis, adolescentes com rendimento escolar muito baixo, consumo de drogas não legalizadas, meninas com gravidez precoce e consequente desestruturação familiar.

Na psicologia institucional ,a grande queixa tem sido o stress gerado pela má qualidade do ambiente de trabalho, que vai desde as condiçôes físicas do ambiente, até os desencontros nas relaçôes interpessoais gerando crise de autoridade, falta de comunicação, desânimo na criação de projetos, necessários para que o servidor sinta-se produtivo e inserido na história do seu tempo.

Stress, baixa auto-estima e crises de identidade são questôes que os servidores nos trazem e que nos desafiam na busca conjunta de soluçôes. Cansado, endividado, deprimido, surge a grande questão: "quem sou e o que devo fazer?"

Martin Klarrie, em outras palavras,diz que a questão da baixa auto-estima , hoje tão falada, tem sido um fenômeno muito presente na clínica e merece sérias reflexões de nós, psicólogos. Os esforços para valorização e recuperação de auto-estima, impõem-se como uma forte necessidade poque sua relativa ausência, compromete nossa capacidade funcional, afetiva e produtiva. É por este motivo que dizemos que a auto-estima tem valor de sobrevivência e hoje, mais do que nunca. Atingimos um ponto da história que a auto-estima que sempre se mostrou como uma necessidade psicológica de suma importância, também se tornou uma necessidade econômica das mais relevantes, um atributo imperativo para adaptação a um campo de produção cada vez mais desafiador e competitivo e que produz, como forma de sobrevivência do próprio sistema, seus excluídos.

As contradiçôes nos processos terapêuticos constituem um expressivo motivo de reflexão entre a "articulação de uma teoria do sujeito dotado para o raciocínio e a ação e uma outra, do sujeito capacitado para o esquecimento ,o equívoco e a inação. Este sujeito denuncia-se nos lapsos de conciência e ação e propôe sua verdade no equívoco, de modo que a questão não é contrapor uma dimensão do conhecimento a outro, definida por sua disfunção e ausência, mas de estabelecer a vigência simultânea dos dois conhecimento que se ignoram mutuamente, na medida em que a sua conversão como tais depende ,justamente da profunda cisão que os faz estranhos". ( Sara Pain ,1985).

O impacto do nosso trabalho faz-se sentir de forma ampla e gratificante: a demanda clínica é imensa, ressaltando-se a crescente procura masculina, especialmente de renda mais baixa, o que nos faz pressupor uma mudança de mentalidade e avanços sobre os preconceitos tão gritantes em nossa região, provenientes do desconhecimento da atuação da psicologia. Ressalto ainda, que a persistência dos adolescentes em permanecer no processo terapêutico, sem a pressão dos pais, é outro ganho valioso. Hoje podemos dizer, que mesmo a psicologia clínica, vence um preconceito originário em seu próprio universo e constatamos que a psicologia , pode e deve pode ser amplamente democratizada.

Na atuação, no âmbito da psicologia institucional, a intervenção para a melhoria da qualidade do ambiente de trabalho, tem tido como forte aliado, o procedimento dos grupos operativos, que têm trabalhado a comunicação, o afeto, a cooperação, o espírito de grupo e a satisfação de se construir conjuntamente, projetos e metas para o futuro, através de contratos e compromissos de convivência um pouco mais saudáveis. É como se o indivíduo estivesse construindo um novo patamar de relações humanas e consequentemente, abrindo devagar, novos campos de ação dentro do próprio emprego, abrindo uma consciência para o verdadeiro sentido do trabalho.



Elane Tomich Buchmann, psicóloga do NIF-04 (Núcleo do Isemg Família Número 4)



Teófilo Otoni 12 de junho de 2001.



PS** o IPSEMG é o instituto previdenciário de Minas que está implantando um serviço de atendimento diferenciado, domiciliar e tentando acabar com as famigeradas filas de consultas e atendimento hospitalar.
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