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Poesias-->Percalina verde-drummond (prosa poética) -- 18/05/2014 - 10:09 (Adalberto Antonio de Lima) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos


Foto: PERCALINA VERDE-DRUMMOND (Adalberto Lima)<br> Categoria: Prosa poética<br><br>O trem de ferro sai do Rio de Janeiro levando a encomenda do Coronel: doze volumes encadernados com percalina verde-drummond. Verde a mata, longes horizontes, sonhos embalados na caixa de pinho. Passa a mata, passa o tempo, passa o vento na janela. O vagão sacode a caixa revestida de alumínio. Se a coleção não chegar incólume ao destino, o coronel não paga a conta. <br><br>O menino franzino espera ansioso. O burrinho pega a caixa na estação e rompe mata adentro gerais a fora, levando um universo no lombo - um assombro: ninguém por ali tinha uma biblioteca tão grande. Burrinho não sabe ler, ainda assim, dissemina a cultura na cidade de ferro. Foi ele o responsável pela formação acadêmica do menino franzino que me ensinou a escrever. <br><br>Verde a mata, longes horizontes, sonhos encadernados em percalina verde, embalados numa caixa de pinho. Mata verde, percalina verde, burrico alazão leva esperança para o menino. Tudo trancado, inviolável. Só que tem a chave do saber abre as janelas do mundo: o olho mágico de Osíris e a beleza nua de Vênus abraçada pelos tentáculos da Medusa. Tudo isso numa caixa de pinho. <br><br>Numa caixa de pinho vêm os sonhos e se vão. Pela janela do último trem, vê-se um rosto pálido no esquife. Finda a saúde, as lembranças são guardadas em ataúde. Plantado no campo santo, o poeta espera tanto a ressurreição dos mortos, quanto a consagração da poesia. Passa a vida, passa o tempo, passa o vento. Passa o trem da morte todo dia, mas palavras não passarão.



PERCALINA VERDE-DRUMMOND



(Prosa poética)



 



O trem de ferro sai do Rio de Janeiro levando a encomenda do Coronel: doze volumes encadernados com percalina verde-drummond. Verde a mata, longes horizontes, sonhos embalados na caixa de pinho. Passa a mata, passa o tempo, passa o vento na janela. O vagão sacode a caixa revestida de alumínio. Se a coleção não chegar incólume ao destino, o coronel não paga a conta. 





O menino franzino espera ansioso. O burrinho pega a caixa na estação e rompe mata adentro gerais a fora, levando um universo no lombo - um assombro: ninguém por ali tinha uma biblioteca tão grande. Burrinho não sabe ler, ainda assim, dissemina a cultura na cidade de ferro. Foi ele o responsável pela formação acadêmica do menino franzino que me ensinou a escrever. 



Verde a mata, longes horizontes, sonhos encadernados em percalina verde, embalados numa caixa de pinho. Mata verde, percalina verde, burrico alazão leva esperança para o menino. Tudo trancado, inviolável. Só que tem a chave do saber abre as janelas do mundo: o olho mágico de Osíris e a beleza nua de Vênus abraçada pelos tentáculos da Medusa. Tudo isso numa caixa de pinho. 





Numa caixa de pinho vêm os sonhos e se vão. Pela janela do último trem, vê-se um rosto pálido no esquife. Finda a saúde, as lembranças são guardadas em ataúde. Plantado no campo santo, o poeta espera tanto a ressurreição dos mortos, quanto a consagração da poesia. Passa a vida, passa o tempo, passa o vento. Passa o trem da morte todo dia, mas palavras não passarão. 


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