O gesto
Hoje lembrei do meu amigo cego,
ido já há tantos lustros, que saudade,
e de algo seu que à mente ainda carrego,
vê-lo os copos erguer com dignidade...
Deixar esse prazer pela metade,
jamais... O seu orgulho, que não nego,
o levava a esse gesto, na verdade,
como se nos dissesse: “Não me entrego!...”
O que acima contei é uma inferência,
na qual posso enganado estar... No entanto,
é convicção, que os anos não consomem,
de que, em casos assim, a consistência
e coragem humana mostram quanto
uma desgraça não destrói o homem...
04/04/2014
À memória de Rubens Peres, falecido em 18/04/1980
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