Bebes-me em tuas viagens poéticas...Sedento, sorves-me sem pressa, gota à gota, tentando em teus lábios reter-me eternamente! Meus sabores te denunciam e te relatam...Em meus oásis, deixas-te enfeitiçar...Sou miragem dos teus sonhos despertos; és aurora no negrume dos meus olhos cansados.
Sou este emaranhado de interrogações que te confundem e te instigam. Reconheço-te em teus silêncios, enquanto as cores das tuas palavras ocultam-se sombrias da fragrància da vida. Caminhas sempre em mim, mesmo quando teus passos sorrateiros insistem em tentar me surpreender. Envolves-me e meu corpo adivinha a ansiedade que tuas mãos guardam. Teus carinhos brincam de me tocar, enquanto teus olhos me imaginam...És brisa a esvoaçar as cortinas do meu templo, enquanto reverencio a saudade que em ti se transmuta.
Sou luz, sempre que teus horizontes perdem-se da esperança. Sou regaço a ecoar nas cordilheiras íngremes das tuas buscas. Sou via única dos teus anseios e paradoxalmente teu labirinto...Em cada aparente saída, olhas indeciso para trás...teus reflexos lá cintilam e percebes que sair significa deixar-te. É que sempre estive em ti, nos teus desejos, nas tuas inesgotáveis buscas...sempre fui porto, ninando tuas chegadas e abençoando tuas partidas. Enquanto velejavas, minhas ondas te sacudiam, impelindo-te sempre para minha praia...
Permaneço em ti, porque essa é tua maneira de te sentires livre...