Certo dia, uma flor que eu chamei de "AMOR" contou-me sua história. Disse que na floresta onde morava chegaram uns lenhadores, armados com facas, serras e machados e começaram a destruir tudo o que estava a um raio de 500 m.
- Oba! - disse a flor - Cortaram aqueles galhos que me sufocavam e eu agora poderei olhar o céu e curtir o brilho das estrelas, que eu só vejo em pequenos clarões...
E ali ficou, toda feliz a olhar para o céu tão AZUL e ensolarado. Seus olhinhos de flor nem acreditavam em tamanha felicidade... "Que alegria poder respirar à vontade! Shum... Shum... Shum... ahhhh...".
Mas, como na vida nem tudo são sempre flores, os espinhos da decepção começaram a surgir... Com o calor, a falta de sombra e umidade causada pelo desmatamento, um raio de sol batia incessante em suas pétalas delicadas. E a flor, coitada, cheia de sede, começava a agonizar... Tornou-se murcha e pálida... Só melhorou quando o manto da noite cobriu o sol e o ar amenizou o calor abrasivo do astro-rei.
E naquela noite, o sono da flor foi inquieto. A coitadinha olhava para as estrelas e tinha a nítida visão das árvores que a protegiam... Sabia que não era real; era somente uma espécie de miragem que a luz escaldante do sol lhe deixara na memória. E como eram belas as árvores amigas, que ela vislumbrava na sua ilusão noturna... Adormeceu, num sonho suave... e viu, em cada galho, o piscar longínquo de uma estrela...
Às vezes, temos momentos tão perfeitos, mas nem nos damos conta de que o nosso lugar é o recanto melhor que a Mãe Natureza nos pode proporcionar... Somos cegos e só valorizamos quando perdemos.