QUEM NUNCA COMEU MELADO
(Por Domingos Oliveira Medeiros)
Eu nunca vi um governo
Fazer tanta trapalhada
Vive prometendo tudo
E no fim não dá em nada
Falta bom senso e juízo
Pra governar, é preciso
Uma equipe preparada
Objetivos bem claros
Um programa consistente
A casa bem arrumada
Negociação transparente
Sem propaganda enganosa
Sem falação mentirosa
E decisão coerente
Sem copiar o passado
Seguir seu rumo normal
Gerir a economia
Pro bem-estar social
Impor-se ao estrangeiro
Não se curvar ao dinheiro
Na busca de mais capital
Mas a coisa anda feia
Por conta do improviso
Ninguém entende mais nada
Falta prumo e juízo
Só se fala em re-eleição
Segura o poder na mão
Sem fazer o que é preciso
Só não vê quem está cego
De agora ou de nascença
Ou se for apadrinhado
Protegido pela imprensa
Ou se tornou aliado
À custa de algum trocado
Esquecendo a desavença
Acredita em propaganda
No clima da euforia
O Brasil no rumo certo
Bons ventos na economia
Falta feijão na panela
Mas há luz pela janela
Diz a turma da utopia
Esse governo parece
Ser uma grande piada
E o Brasil é quem padece
Só dando muita risada
Crescimento sustentado
Orçamento apertado
E a nação endividada
Produção ameaçada
Sem portos e hidrovias
Carga alta de impostos
Buracos nas rodovias
Vive nossa exportação
Vendendo soja e feijão
A preços de porcarias
FMI no comando
Da economia global
Pondo as cartas na mesa
Nada ajuda ao social
Somente o juro interessa
E o resto não tem pressa
A submissão é total
O binômio da discórdia
Econômico-social
O Grego e o Troiano
A trapalhada é geral
O joio junto do trigo
O povo vira mendigo
Na variação cambial
O dólar no sobe-e-desce
Dá o tom da sinfonia
E o risco-Brasil acontece
Para o bem da economia
Em cena o Banco Central
No viés do bom Carnaval
O juro faz a folia
Com status de palhaço
Assiste calado o povão
Enquanto isso o banqueiro
Com medo da inflação
Aposta que o juro aumenta
Não se importa nem lamenta
Se falta arroz e feijão
Trinta e cinco ministérios
Um caixeiro viajante
Otimismo e euforia
Com discurso extravagante
Um contador de história
A confusão é notória
Na fala do bom falante
A Medida Provisória
Remédio do curandeiro
O elixir milagroso
Diz o nosso companheiro
Pra qualquer enfermidade
Da governabilidade
O instrumento certeiro
Quem tem medo da Justiça
Quem nunca comeu melado
Quando come se lambuza
Quer todo mundo calado
Não quer a investigação
Atrapalha qualquer Comissão
CPI do Banestado
Luta pelo arquivamento
Pelo último suspiro
Do mesmo jeito que agiu
No caso do Waldomiro
Que até hoje se arrasta
Aquela atitude nefasta
Que ecoou como um tiro
Saindo pela culatra
Nas asas da corrupção
Vampiros e gafanhotos
Rato, morcego e ladrão
Delegados e doleiros
E antigos companheiros
Em cargos de comissão
Um governo produzido
Fruto de imaginação
D’um excelente marqueteiro
O rei da comunicação
Sem direito adquirido
Vive agora envolvido
Com a sua re-eleição
Muito subserviente
Ao capital estrangeiro
Um governo de embalagem
De conteúdo rasteiro
Sem lenço e sem documento
Empurrado pelo vento
À procura de dinheiro
Mas o remédio é outro
Que deverá ser tomado
Nessa próxima eleição
O voto do aposentado
Com toda a comunidade
Pra restaurar a verdade
A nossa Constituição
Que ficou sem serventia
Com outra interpretação
Sem direito adquirido
Sairemos dessa prisão
O voto não é obrigado
Não voto em sentenciado
Em candidato a ladrão
Se banqueiro ou bicheiro
Terá meu voto anulado
Se respondendo a processo
Sem transitado e julgado
Metido com algum doleiro
Com remessa de dinheiro
Meu voto é rabiscado
Se contador de histórias
Que não lembra do passado
Que não cumpriu as promessas
Junto ao eleitorado
Não perca tempo e dinheiro
Vá pra casa companheiro
Pois sou gato escaldado