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Poesias-->TESTAMENTO -- 12/01/2014 - 21:47 (Sergio Del Picchia) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
T E S T A M E N T O

Sergio Del Picchia 1995





Para fazer um testamento,

ainda parece cedo,

talvez não seja o momento;

ainda mais eu,

um eterno sonhador,

mais otimista que o normal.





Mas pensando afinal,

que já nascemos condenados,

e essa é a única afirmação

que nunca vi ser contestada,

pensei que já que um dia,

terei que fazer um testamento,

este dia pode ser hoje,

e além disso argumento,

sem querer plagiar o poeta,

o imortal, morto tão cedo,

"Se eu morresse amanhã?"

de Alvares de Azevedo.





O pouco que acumulei,

e é mesmo tão pouco,

que dá até para contar,

fica, é claro,

para os que me cercam.

E como são diferentes

os meus herdeiros virtuais,

e a herança é tão magra,

é preciso definir,

com transparente regra,

o que devo dividir.





E já que esse assunto

é um tanto formal,

fica bem eu tratá-lo

da forma convencional

para que o tabelião

na linguagem de cartório

possa fazer executar

minha póstuma ação.





Parágrafo Primeiro:

O meu dinheiro fica

para quem dele gosta

ou quem dele precisa.

Para eles ficam meus bens,

essas coisas sem importância,

ligadas a matéria,

tão mortais como eu.





Parágrafo Segundo:

Para os que me amam

fica minha imagem amiga,

minha alegria, meu otimismo,

minha eterna esperança,

o meu olhar, o meu sorriso.





Parágrafo Terceiro:

E para os que eu amo?

Para estes fica minha poesia,

o que de melhor eu tenho.

Sem direitos autoriais, é claro,

que estes já foram tratados,

acima no parágrafo Primeiro.





E meus bens negativos?

As deficiências e defeitos

que tenho como mortal que sou?

( e se não fosse,

para que faria testamento?)

Estes também serão tratados:

Minha inveja, minha vaidade,

não ficam para ninguém

pois de nada serviriam.

E para quem ficariam

se já há tanta no mundo?

Que sejam enterradas comigo,

e da mesma forma que a natureza,

numa mágica misteriosa

transforma esterco em frutos,

eles sirvam de adubo

para nobres sentimentos

em algum novo corpo

que venha a surgir no futuro.





E minhas dívidas?

Materiais felizmente não tenho.

Mas muitas são

aos que me fizeram bem,

as dívidas de gratidão.

A eles não podendo fazer mais,

pelo menos atenuá-las tento,

com um profundo agradecimento.







O meu Tai-Chi não posso deixar,

pois este ao espírito pertence;

eu o levo comigo

pois dele irei precisar

ainda em novas vidas,

pois um dia hei de voltar.

Fica porém o símbolo

que melhor o representa:

deixo minha espada.

Pedaço de minha vida,

feita de aço, bronze,

trabalho e alegria,

nela estará sempre viva

e presente minha energia.





Vou parando por aqui;

este papo está ficando sério.

Se assim continuar,

vou acabar acreditando

que estou mesmo morrendo.

E deixando de lado a poesia

e a vontade de escrever,

em alguns momentos

eu me sinto hoje,

como se tivesse apenas,

acabado de nascer.













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