Éramos amigas quando crianças. Depois de muitos anos, muitos mesmo, ela me encontrou no Orkut e me adicionou. Mas não trocamos scraps. Não tínhamos mais ligação alguma que nos permitisse contato.
Na época em que estudamos juntas, Valéria e eu nos reuníamos para fazer trabalhos. Não me lembro de ter com ela uma amizade forte. Mas me lembro de quando se mudou para a casa nova. Uma bela e grande casa. Lembro-me de lá ter ido quando ainda estava pouco mobiliada. Talvez por isso a sensação de imensidão. E tudo fica maior quando somos crianças.
Seu pai, o Toto, como era chamado (ele faleceu, soube faz pouco tempo), fez seu cartório na frente dessa casa. E eu só vim aqui para contar uma coisa que me intrigou. Eu tenho muitos sonhos premonitórios. Acho que por causa da minha sensibilidade. Alguns já mexeram muito comigo. Gosto e não gosto disso. À vezes desejo não tê-los. Pois vêm me avisar que sofrerei. E ninguém gosta de saber antecipadamente que vai sofrer, não é? Mas sonho muita coisa boa também. E elas, depois de um tempo, vêm. Bom... estou aqui para falar do sonho que tive com a Valéria Tonielo e sua família. Na semana passada, eu fui à casa dela. Meu Deus! Como foi real! Entrei e a vi sentada com sua mãe, a Maria Amélia, tinham um semblante triste. Disse a elas que soube da morte do Toto e que fiquei realmente chateada (fiquei mesmo). Elas sorriram para mim. Fiquei ali, na cozinha, conversando com elas... foi tão... real! Pude sentir a presença delas. Pude sentir e ver muito bem a casa. Acordei impressionada. Mexida. Como pode, pensei, depois de tantos anos sem vê-las? Por que esse sonho?
O dia rolou. Trabalhei. Levei meu filho à escola. Fui para o Pilates. Voltei para casa. Antes de voltar ao colégio para dar as duas últimas aulas, vi que havia uma chamada do João no meu celular. Liguei para saber o que queria. Ele disse: "benzinho, você precisa vir em Sertãozinho amanhã para assinar um documento e depois passar no cartório do Toto".
|