Tive a impressão de que a Carmem, uma colega de trabalho, estava mostrando a escola para ela. Senti meu coração gelar quando saí da sala e dei de cara com aquela figura odiosa. Ela me olhou, percebi que me reconheceu. Antes de sair do colégio, procurei minha amiga para perguntar o nome da mulher com a qual conversava e saber o que fazia lá. A Carmem não soube me dizer o nome dela. Disse que foi buscar a sobrinha que está no 2°ano. Ficou curiosa e me perguntou por que eu queria saber, pois notou minha aflição.
Seu nome é Ana. Estudamos na mesma faculdade. Mas em cursos diferentes. Foi em 2002, eu já namorava o João. Nós duas íamos de carona com um amigo, o Pedro. No início ela foi bacana. Porém, de repente, começou a ser hostil comigo. E como sempre me assusto com hostilidade gratuita, dessa vez não foi diferente. Fiquei incomodada e comentei com o Pedro. Ele ainda não tinha percebido e nem imaginava o que pudesse ter acontecido para que ela se tornasse uma pessoa agressiva. Eu não consigo conversar com pessoas más. A não ser que eu tenha que aturá-las por algum motivo e, com o tempo, passe a mostrar meus dentes para me defender. Aí sim. Mas, depois que essa mulher soltou a porta do carro no meu fino braço e me deixou roxa, eu falei com o Pedro novamente. Disse que não mais iria com ele à faculdade. Estava insustentável para mim. Lembro-me de mais de uma vez ter chorado com o João ao telefone. Ele me ligava todos os dias depois da aula. Eu não precisava aguentar aquela recalcada, invejosa... O Pedro me contou que ela estava apaixonada. Sentiu ciúme de nós dois juntos e, por isso, começou a me agredir. Nada a ver eu e ele. Mas minha presença passou a incomodá-la. Não me suportava por perto. Resolvi ficar o mais distante possível. Tanto que só fui revê-la agora, depois de quase dez anos!
Ao saber disso, a Carmem também ficou indignada. No outro dia veio me dizer que seu nome é mesmo Ana e que ela é do mal rs. Mas não sei exatamente por quê. Falou que sua mãe está doente e que ela não ajuda muito. Uma coisa assim.
Fiquei com medo. Sério. Pensei: se essa mulher vier trabalhar aqui, eu saio. Deus me livre! Estou correndo da dor.
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