A festa será muito boa. Não quero perder por nada. Há tanto tempo sonho em estar naquela casa! Todo um imaginário tomou conta de mim, pois sempre ouvi falar que era uma casa de sonho, daquelas que só na ficção podem existir.
O que usar para não fazer feio? Abro o guarda-roupa e nada do que tenho parece estar à altura da festa. Mas como comprar roupa nova, muito chique, se a grana está curta?
Decidi ir pedir socorro à minha amiga cujo manequim é igual ao meu e que tem um bom gosto incrível e frequenta festas de arrasar.
Fui extremamente bem recebida, como sempre, e fui logo falando do meu problema. Imediatamente ela me diz:
_ Vem comigo!
Ela abriu o armário e eu babei! Quanta coisa linda, fina, sem exagero, e que pode fazer bonito em festas chiques. Experimentei, experimentei, experimentei... Fiquei até sem saber o que escolher. Na verdade mesmo, sabia o que queria, mas interiormente pensava: este deve ter custado uma fortuna! Como vou encarar algo tão fantástico? E se derrubo algo no traje e estrago? Enfim, uma série de coisas negativas passavam pela minha cabeça.
Minha amiga parece que leu meu pensamento e me apontando o que mais gostei, disse:
_ Acho que é o que mais combina com você. E tem mais. Veja esta echarpe como fica perfeita.
De fato, era uma maravilha. Sem que eu dissesse algo, ela deu uma olhada de lado e descobriu um belíssimo sapato e uma bolsa que era um mimo. Tudo combinando. Traje completo para um sucesso completo. Vesti-me. Ficou tudo perfeito . E olha que sou difícil de achar que algo ficou perfeito em mim. Já me antevia na festa e meus olhos brilhavam.
Voltei para casa com aquela sensação de que era uma predestinada a ir à quela festa, pois tudo caminhava bem. Não perderia por nada, portanto.
Chegou o dia D. Arrumei-me com a absoluta certeza de que tudo estava impecável. Olhei no espelho e gostei de minha imagem refletida quando, no exato instante, entra meu marido e fica furioso:
-Você vai com esse traje? Está ridícula! Mais parece pronta para um carnaval.
Nesse instante o traje me derrubou. Fiquei completamente insegura e só conseguia ver no espelho uma figura horrorosa. A figura da insegurança. Da pessoa que não consegue firmar em si mesma e se apóia na opinião alheia. Fiquei pequena, diminuta e diminuída, sem emitir uma palavra sequer.
Tirei a roupa e fui dormir no sofá.
Hoje sei que não sou o que falam, nem sou o traje que visto. Lavo minha alma, passo a vida a limpo, saio chique e segura.
