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Contos-->ABRIGO DE IDOSOS -- 10/08/2011 - 13:43 (MENDIGNO) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
ABRIGO DE IDOSOS


Estava lendo aquele artigo “ tenha idade mas não seja velho”e fiquei refletindo sobre o tema e o exercitar a idade avançada para não ser velho.
Contabilizei os itens requeridos e concluí que quase nada me falta. Até por que eu não sinto essa tal de velhice.
Do alto dos meus bem vividos 67 vejo mais além do que já tive na vida, em termos de experiência. Chego até a acreditar que muita gente também pensa assim, sem nunca ter lido o tal artigo.
Dias depois, num final de semana, passeando com a eleita esposa querida que Deus colocou no meu caminho, ia passando em frente a um abrigo de idosos...Uma grande curiosidade me invadiu a mente e quis conhecer de perto o que é um abrigo de idosos por dentro. Demos a volta no carro e manobramos para entrar por uma estreita passagem. Estacionamos e nos dirigimos para a recepção, onde fomos muito bem atendidos. Aliás, diga-se de passagem, nós temos a mesma idade. Ela, a minha esposa tem os cabelos lindos, brilhantes,que bem emolduram sua cabeça e seu rosto, na cor branca prateada. Conhecem, sabem como é essa cor?
Dissemos que gostaríamos de conhecer, saber mais sobre o abrigo e, se possível, bater um papo com alguns internos. Deixaram-nos a vontade e vimos que, para quem faz a cabeça de maneira natural e se decide morar num lugar assim, a vida poderá ser muito boa. É certo que todo bem estar tem seu custo...muitos abrigos são subvencionados, em parte.
O asseio estava visível em todos os cômodos, no jardim, num campinho de exercícios físicos, nas dependências de lazer, tais como jogos de damas, xadrez, cartas, etc.
Foram poucos os rostos tristonhos que vimos. A maioria sorridente, recebendo ou se despedindo dos parentes que os visitavam e nada de tristeza por nenhuma das partes.
Aquelas figurinhas tristes, não raro estavam solitárias, nos bancos do jardim ou reclusas em seus aposentos.
Preferimos conversar com uma senhora que tinha os olhos meio que perdidos no infinito, mas que disfarçava um leve sorriso nos lábios. Não sabíamos traduzir esse semblante, pois no seu olhar o brilho estava esmaecido, deixando-nos supor que aquele ensaio de sorriso poderia ser mais de resignação com o resultado de algum acontecimento. Deixamos de lado por que não quisemos interromper aquela viagem.

Pedimos licença para entrar no quanto de um idoso que estava sentado na beira da cama e tinha as mãos postas, tal como se estivesse rezando. De fato, estava rezando, pedindo a Deus para favorecer os seus filhos, seus netos e tantos frutos seus que ainda estivesse neste convívio. Sr. Felício Santos da Paz, o seu nome. Que interessante!
Sr. Felício, boa tarde. O senhor, assim, com essa postura, nos chamou a atenção. A gente pode conversar um pouco? Ele assentiu com um sorriso especial e nos apontou duas cadeiras. Ficamos a vontade e ele próprio começou dizendo que sabia da nossa curiosidade e que gostava mesmo de falar sobre si e começou assim:

-Meus amigos, vocês são enviados de Deus, que vieram fazer-me desaguar tanta mágua que tenho no peito...Ora vejam só: Nasci de mãe solteira, que muito trabalhou nesta vida para me educar...Eu tive boas escolas e quando tive idade comecei a trabalhar para retribuir o carinho e devoção que dela recebi.Só me casei quando ela me disse para acomodá-la num lugarzinho assim como este em que estou. Não foi difícil atender seu pedido porque com a educação que ela me deu os meios de me engrandecer, eu tinha boa renda, um bom emprego e pude mantê-la conforme a sua vontade. Passei muitos meses visitando-a duas, três vezes por semana, até que um dia ela acordou no céu.Foi no dia seguinte em que com ela estive. Lembro-me que ela disse-me assim, em nossa despedida: “Filho, segue com Deus, mas não segue sozinho. Divide-te com alguém tal como me dividi contigo”
Beijei-lhe ternamente a testa e os olhos, afagando os seus cabelos.
Foram os últimos carinhos que trocamos – foi a sua despedida.

Dois anos depois conheci uma jovem, mãe de um menino bem traquino, uma belezinha de criança. Vestia roupinhas simples, calçava sandália de tira, era falante e muito sabido. Mas ainda não freqüentava escola.
Aí eu lembrei de mim e da minha mãezinha.
Uma grande ternura invadiu meu ser e passei a ver aquela jovem com mais freqüência.
Casei com ela e a ajudei a educar o pequenino, que cresceu e virou doutor...
Ela também se fora morar no céu, levada por uma enfermidade que não teve cura.
E eu estou aqui, por minha vontade...Não quis ser pesado ao meu filho postiço...rezo pela felicidade dele, que paga a minha morada, mas aqui nunca vem...Mas mesmo assim eu sou feliz, nunca estou só...Tal como a minha amiga dali do jardim, estou com as minhas lembranças!
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MENDINGNO - 10/08/2011

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