Numa mídia comprometida e alimentada por desmedidos interesses pecuniários, a nossa página poderia representar uma trégua no que toca à inconsistente imposição cultural a que nos submetem. Devido a isso, pesam-me as vezes em que a Usina de Letras é sub-utilizada, textos desarmoniosos e descuidados que cuidam apenas de quebrar a "mesmice" existencial dos seus autores.
Um espaço como este é algo inédito na Internet e pela amplitude com que opera, certamente poderia obter uma participação individual mais bem-intencionada. A questão não está condicionada à ortografia ou sofisticação do texto. Por várias vezes surgiram por aqui trabalhos carentes desses atributos, mas ainda assim maravilhosos. Isso deveu-se ao fato de, mesmo afastados de regras gramaticais e técnicas de redação eficazes, carregarem consigo a principal condição do ato escrever: motivação sincera para expor o que quer que seja.
Ainda que se discutisse a respeito, vários pseudônimos ficaram na história da Usina com textos recheados de palavrões e obscenidades. A despeito disso e neles agregados eventualmente inúmeros erros de grafia e concordância, tiveram grande e benéfico impacto sobre alguns leitores. Eram realmente bons e criativos! Brincaram com a estrutura comportada do site, violentaram regras e migraram daqui.
Diante do exposto, o mais grave é o niilismo. Mesmo porque o "nada" não existe, senão conceitualmente. Um simples "Bom-dia!", perdido meio a uma extensa página vazia, pode carregar uma ironia maldosa capaz de deflagrar um verdadeiro caos (ou, o que é pior, uma estagnação progressiva). E aí temos energia lançada fora e excelentes publicações deletadas com velocidade surpreendente, subscritas por textos medíocres e insipientes.