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Poesias-->A Caminho de Santiago de Compostela -- 01/11/2013 - 14:58 (Lita Moniz) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos




       A Caminho de Santiago de Compostela



 



O que era para ser não foi.



O que te fez assim belo e assustador?



Quem te pensou, não te criou para seres palco de dor.



Qual foi o primeiro animal feroz em quem se espelhou o algoz?



O que deu errado?



Quem plantou aqui a semente do pecado?



 



O que é o diabo?



Como veio parar aqui?



O que realmente são patamares de elevação?



O que há para além da nossa compreensão.



Por que o mundo tem que ser assim bom e ruim?



Que verdade  existe para além da maldade?



 



Os deuses da antiguidade eram bons e ruins.



Será que temos algo a ver com aquele jeito de ser?



Somos  muito mais pagãos do que cristãos.



Fazemos mais inimigos do que irmãos.



Somos o avesso de dar a mão.



Colocamos o irmão tão longe de nós quanto o Deus que concebemos.



 



Está tão longe!  Mal o conhecemos.



O que é que somos?



Não é sério, nem mistério.



É uma cópia mal copiada.



Diante da Suma Perfeição, só restou  a  proporção:



Semelhantes, mas distantes.



 



É tanta imperfeição.



Até parece  que no ato da criação o diabo também andou



pondo   ali a sua mão.



Deus tem pena de nós.



Aceita a nossa humilde condição.



São o que são.



 



O céu é o limite que o homem sonha alcançar.



Sem asas para voar, com medo de arriscar, fica-se no mesmo lugar.



Aceita a cruz que veio aqui carregar.



O mistério é o segredo.



Do transcendental tem medo.



Diz que acredita que  há sorte, que há dita.



 



Mas no fundo sabe bem o gosto amargo que fica na boca de quem acredita.



Deixou-se  vendar,  sem visão, sabe bem onde foi parar.



Onde o cego orgulho o fez chegar.



Ainda resta um não sei quê que não o deixa ali ficar.



As leis do Universo chegam para ajudar.



É melhor acreditar na transcendência.



Na origem da nossa existência.



 



Acreditar em Sóis das alturas a encher de luz as pobres criaturas.



Luz piedade, luz compaixão a ajudar os que vivem na tribulação.



Sóis da mais alta dimensão a irradiar  amor, bondade, caridade,



Aceitação.



Isto está ao alcance da nossa compreensão.



É esta irradiação que justifica toda a religião.



 



Cada uma é um atalho  para chegar mais perto e mais depressa



À irmandade celestial.



Quem chega primeiro?



Deve ser aquele que dispensa barqueiro e dinheiro.



Que sabe  silenciar, que aprendeu a orar.



Que aprendeu a falar com Deus e com os seus.



 



Uma religião singela e bela.



Sábia como a natureza.



Não duvida. Tem certeza.



À mistura com a irradiação solar  chega  outra irradiação.



Alá, Deus cristão, deus pagão todos eles são carvão



a alimentar a combustão.



Sem crença abandonaríamos esta assistência.



 



É disso que o diabo  gosta, é ali que ele encosta.



Fantasmas a chegar.



A  decretar o desterro.



Sombras, assombrações.



Não chamem por elas.



Sem proteção somos barco à deriva expostos a toda a maldição.



 



Saiba levantar quem não consegue em suas pernas se sustentar.



Ficar de pé agarrado à sua fé.



Desviados da crença começamos a andar de marcha a ré.



Os deuses precisam voltar,



Vestidos de astronautas, em naves espaciais, aterrissar.



Para vermos que somos  a  eles semelhantes, mas distantes.



 



Falta grandeza, falta realeza, falta nobreza falta ética e ótica  celestiais.



O  que veríamos seria o que  falta para sermos a eles iguais.



Toda a beleza da Terra, os dias que vão e vêm são a certeza maior de



Há quem nos quer bem.



Que a vida é muito mais.



A Terra é uma escola.



A vida que nos é dada faz parte do aprendizado.



Nota dez significa, largar o fardo, ir além do fado.



 



Dar à vida outro sentido.



Expandir   os limites, sair da prisão.



Olhar a vida como um campo aberto à  espera de ti e de mim.



Pegar ondas de fé.



Surfar como quem acredita que para além da dita há uma praia bendita.



“ A ilha dos amores”



 



Quem a esta praia chegar, fez a lição, aprendeu a navegar.



Os deuses estão ali para junto com eles comemorar.



Podem voltar,  mas nunca para o mesmo lugar.



Deus, céu inferno ganharam outra dimensão, não são mais os mesmos, não são.



Beberam, comeram, dançaram com os deuses  rodopiaram.



Se embebedaram com o licor de Iracema.



 



Ao acordar perceberam que tinham saído do calvário da alma  pequena.



Valeu a pena! Valeu a pena!



Valeu a pena fazer o Caminho de Santiago de Compostela  para sair dela.



Um caminho que representa a vida como ela é.



Cheio de pedras, de pedregulhos.



De vez em quando um lago de águas mansas a nos convidar para mergulhar.



 



Entrai! Livrai-vos do suor e da dor.



Fazei do gramado à beira do lago um varal para secar as feridas à mostra e escondidas.



Ficai ali até chegar coragem para seguir viagem.



O universo é encantador.



Mais encantador seria se tivéssemos asas de condor.



Voaríamos sobre os abismos: seriam formas espaciais lindas como as demais.



 



Nada  assustador.



Os deuses deixam-nos sonhar e riem:



Eles nem sabem que já sabem voar.



Que o sonho já é real, falta só varrer o mal.



Mandar a poeira baixar em outro lugar.



No reino    universal há muitas moradas.



 



Uma são de sonhar. A Terra é um bom lugar.



Outras são de retirada.



Retiros espirituais  lugar para onde não se vai fazer nada.



Lugar para onde se vai esperar o vendaval passar.



Há aquele outro lugar que o homem espera alcançar.



Agarrar a tal felicidade ,trancá-la na gaiola e não mais a soltar.



Ah! Mas a felicidade  é uma com a liberdade.



É filha da caridade, a sua maior amiga chama-se bondade.



Felicidade é um estado de espírito sempre a pedir mais.



 



A sua maior rebeldia é vencer monstros medonhos que povoam os sonhos.



É tentar adivinhar de onde vem o poder que o horror tem.



É alargar os caminhos por onde passam os peregrinos.



Por magia ou teimosia pula os montes, atravessa rios e fontes, desata a voar



Para a estrada de  Santiago de Compostela alargar.



Em Via Láctea se transformar.



 



Ela sim sabe os peregrinos guiar.



Ela é caminho por onde o peregrino deve passar.



Estrada de Santiago, Via Láctea, uma galáxia onde se encontra o sistema solar.



Agora ficou mais claro,  todo o peregrino, vivo ou morto ali há de voltar.



Todos temos que fazer este caminho: atravessar a Via Láctea .



Porque o céu é um lugar para além da Via láctea aonde queremos chegar.



 



Começamos a entender o que é peregrinar.



O caminho de Santiago de Compostela é um caminho que se faz ao caminhar.



Somos só peregrinos em busca de um bom lugar.



Inconstantes, rebeldes, com vontade de chegar.



A constelação Sete-estrelo é o guia seguro a guiar  o peregrino no escuro.



É um tesouro, a estrela mais brilhante chama-se olho de touro.



 



Eternamente a brilhar, chama pelos peregrinos.



Convida-os a dar  ao sofrer um sentido mais nobre, menos pobre.



Pede-lhes que deixem cair fardos pesados: culpas, medos e outros segredos.



Manda-os mergulhar em águas mansas de rios cheios de calma.



Lavar ali corpo e alma.



Da floresta que atravessam extraem força, vigor e saúde interior.



 



É sabido que a magia do caminho aterrissa devagarinho na mente e no coração



do peregrino.



Não tarda percebe-se aos pés do sol,  pede-lhe força e coragem para continuar



A viagem, precisa chegar, crescer, fazer-se um fio terra, atravessa a atmosfera, sobe



Mais e já se vê perto da redenção,  percebe que anda a fazer o caminho da perfeição.



Em plena viagem, mais adiante vai ver o que falta fazer.



 



Chegou aos confins do inferno, onde a noite é eterna e é sempre inverno.



O fim de qualquer peregrinação é se encontrar frente a frente com quem se é realmente.



Fica ali ajoelhado, nu  ensanguentado.



Levanta os olhos para o céu, corre o véu,  entra na Via Láctea, faz o caminho das estrelas,



Que lhe dão a mão. Não tarda verá onde Deus está. Como tudo se dá.



Pode até chegar a ver aquele Deus em ação  a  ajudar o irmão.



Curva-se diante do Sol Central. Não se perde em homenagens, não há palavras  com



tamanha dimensão. Só olhos nos olhos,  quem fala é o coração.



Levanta-te e vai em nome do Pai.



 



Voltam leves a sorrir por  fora e por dentro.



 Desvendaram os segredos do firmamento.



 Vestem-se de Vieiras, o talismã de Vênus, a prova de que chegaram ao fim da Terra,



Ao fim de si mesmos. Leves de espírito estão prontos para voltar.



Nunca serão os mesmos.



Aprenderam a voar.



 



                                                                        Lita Moniz



 



 



 



 



 



 



 



 



 



 



 

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