Usina de Letras
Usina de Letras
296 usuários online

Autor Titulo Nos textos

 

Artigos ( 62176 )

Cartas ( 21334)

Contos (13260)

Cordel (10449)

Cronicas (22532)

Discursos (3238)

Ensaios - (10349)

Erótico (13567)

Frases (50580)

Humor (20028)

Infantil (5424)

Infanto Juvenil (4756)

Letras de Música (5465)

Peça de Teatro (1376)

Poesias (140791)

Redação (3302)

Roteiro de Filme ou Novela (1062)

Teses / Monologos (2435)

Textos Jurídicos (1959)

Textos Religiosos/Sermões (6183)

LEGENDAS

( * )- Texto com Registro de Direito Autoral )

( ! )- Texto com Comentários

 

Nota Legal

Fale Conosco

 



Aguarde carregando ...
Artigos-->Paulo Coelho, a Mídia e a Literatura -- 28/01/2003 - 23:09 (Francisco Miguel de Moura) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
PAULO COELHO, A MÍDIA E A LITERATURA



Francisco Miguel de Moura

(Escritor, da APL)







Não posso dar parabéns a VEJA e ao jornalista Marcelo Camacho pela reportagem de 15 de abril próximo passado. Primeiramente, colocaram o escrevedor brega, Paulo Coelho, na capa. Ele não é literato hoje e nunca será escritor pertencente à literatura brasileira. É, sim, mais um efeito enganador da mídia.

Pesa, em toda a matéria mencionada, não encontrar uma opinião justa do redator mediando os que defendem e os que atacam Paulo Coelho. Falo das janelas abertas pela redação. A matéria funcionou mesmo como propaganda, para que o «mago» venda mais e mais. Não lhe é feita uma crítica em profundidade. Em nenhum momento é citado trecho de seu livro mais famoso, «O Alquimista». Nem dos outros. Virou, assim, uma farofa de muitos gostos e de nenhum em especial. Seria medo de mexer naquilo que o público recebe como sagrado, intocável? Mas, quando o público recebe, alguém (algumas pessoas e entidades) se encarregaram de fazê-lo. Ou não?

Vender muito não é ser bom. Nem mesmo ser necessário.

Nenhum escritor é sempre bom. Nem Jorge Amado, nem Érico Veríssimo. Nem a Bíblia. Há umas partes melhores, outras nem tanto. Nos seus primeiros livros, Jorge Amado não era, visto que se prendia por demais às idéias de um partido. A partir de «Terra do Sem-Fim», melhora. Melhora mais na série das mulheres: «Gabriela», «Dona Flor», «Teresa Batista» e «Tieta do Agreste». Nalguns é profundamente crítico, sarcástico e criativo como aconteceu em «Quincas Berro D Água» e «Farda, Fardão, Camisola de Dormir». Noutros é poético como em «Mar Morto» e «Capitães de Areia». Mas a comparação com Paulo Coelho é piada. Deus o livre. Não pode haver pior. Comparação só nas vendas, que mais ou menos se equivalem. Em nada mais. Jorge Amado ainda é, de longe, o nosso grande escritor, interna e externamente.

Com relação ao sucesso de Paulo Coelho no recente Salão do Livro em Paris, ninguém explicou direito quem pagou a conta do jantar de 700 talheres, no Carroussel, no subsolo do Museu de Louvre. Sua editora? Duvido. As editoras brasileiras vivem reclamando que estão no ramo porque não podem sair, mas não têm lucro, vivem no vermelho. Não há ninguém com capacidade para tamanha proeza. De onde vem o dinheiro que financia as edições de Paulo Coelho? Eis um mistério e um desafio para a imprensa.

«O Alquimista» foi o pior livro que já li na minha vida. Só não me arrependi porque tinha quer ler para puder criticar. O imaginário é linear, sem sutileza, primário. É mal escrito. E falar e escrever corretamente a língua materna é mais que uma obrigação, é dever cívico. Paulo Coelho realmente não sabe escrever. Não possui estilo. Não tem profundidade. É lastimável que se louve tamanha porcaria com o título de romance ou mesmo como «literatura» de auto-ajuda.

Enfim, o mundo globalizado é isto. Assim o é pela besteira, pela grosseria, pela maneira desalmada como se propagam o dinheiro e a mercadoria. Dinheiro, para os ricos. Mercadoria, da pior espécie, para os consumidores, os pobres. Como esses livros de Paulo Coelho. «Monte Cinco», monte de bobagens, lugares comuns, monte de m... E ainda é pouco dizer assim.

Ecumênicos, universais, seus livros? Se a besteira é universal. Então, é. Não traz nenhuma contribuição às letras nem à cultura. É um misticismo mal copiado, mal ensinado. Se universalidade é tratar de um misticismo meia-tigela em tão tacanho português, eu prefiro ser regionalista com José de Alencar, José Lins do Rego, Fontes Ibiapina, O.G. Rego de Carvalho, Alvina Gameiro, Assis Brasil, Esdras do Nascimento, José Cândido de Carvalho, Guimarães Rosa, Graciliano Ramos, Machado de Assis, etc. etc.. E vender pouco. Só para quem literatura é literatura, misticismo é misticismo.

Paulo Coelho não fez chover senão tolices. Agora, que fizeram chover dinheiro no seu bolso, isto sim, fizeram. Qual foi a mágica, não sabemos. Mas passa pelo rolo do besteirol do povo que é enganado, compra-o porque acredita em presságios, milagres, bruxarias e que-tais. Acredita nas ilusionismo da mídia.

Houve tempo em que os críticos formavam opinião. Hoje, coitados dos críticos! Ninguém os lê. Ninguém os ouve. Pobre de um mundo sem crítica. Pobre gente! A crítica é como a palavra de Deus, é o sal da terra.

Que ele, Paulo Coelho, é um grande marqueteiro, já sabemos, sua biografia é recheada de exemplos. Mas, que horror, aquela figura do javali morto, de óculos de grau, postado numa casa de venda de carne de caças, lendo o livro de P. C. arrumadinho nas pernas! Paris! Pobres parisienses do final deste século!

Há muitos outros javalis pelo mundo. Muitos outros irracionais com figura humana.

Diz condescendentemente o crítico literário Wilson Martins: «É injusto julgá-lo por critérios literários. Ele é um fenômeno sociológico, responde a injunções do nosso momento histórico, a essa ansiedade que reaparece em todo final de milênio. Quando o mundo não acabar no ano 2000, talvez todo esse interesse pela obra de Paulo Coelho acabe. Se fôssemos tentar aplicar algum critério literário àquilo que ele faz, poderíamos dizer que ele faz a paráfrase dos grandes místicos. Mas é um misticismo barateado. Assim como existe o marxismo vulgar, existe um misticismo vulgar, e é isso o que Paulo Coelho faz.»

Ainda bem que a «Carta ao Leitor», matéria que poucos lêem, naturalmente refletindo a opinião da revista citada, diz com todas a letras: «COMO OBRA LITERÁRIA, OS LIVROS DE PAULO COELHO SÃO POBRES.»

Eu ajustaria para PAUPÉRRIMOS, completando que ele é um místico de almanaque, daqueles que se baseiam nos horóscopos dos jornais de cada dia. Um autêntico escritor borra-botas.







Comentarios
O que você achou deste texto?     Nome:     Mail:    
Comente: 
Renove sua assinatura para ver os contadores de acesso - Clique Aqui