Aqui na província, neste nosso pequeno Estado da Paraiba, eu me sentia até agora formador de opinião. Gosto de falar e escrever sobre tudo, inclusive sobre o que não sei. Afinal, Sócrates disse que só sabia que não sabia, mas ensinava tudo a todos na velha Grécia.
Ao ler uma crítica sobre os formadores de opinião, feita no Blog Superego, fiquei sem opinião formada sobre o assunto. Doeu-me a consciência de ter, até hoje, deitado falação sobre muitas coisas, desde a criação do mundo, passando pelas artes, literatura, poesia, cinema, teatro, humor, economia, filosofia, teologia, gestão financeira e orçamentária, direito tributário e outros ramos jurídicos, jornalismo, enfim, muitas e muitas questões e idéias, chegando até esse desmundo(?) de Lula, enlameado por mensalão, carecão, cuecão, surubão, sanguessugas, dossiê, estando, agora, louco que passe a eleição, para falar de vida, sonhos, utopias, não ouvir, nem falar, baixarias e discutir idéias, modelos políticos e económicos, sem a paixão e a emoção que o período eleitoral incute nas pesoas, turvando a racionalidade do debate em torno de coisas sérias.
Não tem jeito. A febre que nos leva a querer formar opinião queima a língua e nos empurra para o paradoxo e a contradição de procurar influir na opinião dos outros, resistindo a que os outros influam na opinião da gente. Dá para perceber que formar opinião é uma coisa complexa, gerando um entrechoque entre os próprios formadores de opinião, aqui pra nós, porquanto dominados pelo egocentrismo. O formador de opinião não consegue escapar da tentação de ser dono da verdade.
O Superego teve razão, embora a própria crítica tenha sido um exercício de formação de idéias por parte de seu autor. Ser formador de opinião é ser, antes de tudo, um chato.
A partir de agora, serei um antiformador de opinião ou formador da antiopinião. Será a mesma chatice?
Como não há saida, que seja.
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