Derradeira travessia
(pequeno conto, quase mínimo)
Atravessava a rua apressado como sempre. Não aceitou a faixa de pedestres. O carro imprudente, ventando velocidade, apanhou-o. Feneceu ali mesmo. Despediu-se como viveu. Afobado. Rasgando cada segundo. Sem tempo a perder. Transgressor de regras. Acreditando demais em si. Dizia o que vinha à cabeça. Pra lá de sem-cerimônia. Controverso, porém, era crédulo e sensível. Amou muito. Para a família, exagerou em dar. Saiu de cena rapidamente. Esperar não era seu feitio. Se tinha que ser... Fique bem, Alfredão.
Alfredo Domingos Faria da Costa
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