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cronicas-->Solidão -- 04/10/2006 - 19:40 (flavio gimenez) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Quem disse mesmo aquilo? Alguém teve medo e abriu a janela de sopetão. Embaixo um cão morria de frio e uma criança arrastava as pernas cansadas depois de passar o dia tentando catar migalhas no lixo.Minha vizinha deu um suspiro e caiu morta de sono, pois já passava das três.O prédio em frente tem uma moça pendurada na janela que de vez em quando ergue os olhos para mim e sorri um sorriso triste, pois perdeu o emprego e está pensando que é jovem, que deveria voltar para a casa dos seus pais, mas não volta porque já morreram e seu irmão não aceitaria sua nova profissão.Ao lado um velho com o cachimbo passa horas ouvindo uma música que lhe recorda os dias passados e ele já se desliga se preparando para o inevitável desfecho de sua vida de ex-combatente que nunca viu a cor dos olhos de seus filhos depois que sua mulher fugiu com um coronel do inimigo, lá para os lados da Alemanha e nunca mais mandou notícias.Eu não penso, só reparo na janela que ao meu lado fervilha, com vários adolescentes rindo e jogando bitucas de cigarro e algo mais que cai embaixo e faz barulho de vidro estilhaçado, não, é a janela que se fechou e ouço um "merda!" pois alguém machucou a mão e ouço um choro ou melhor um gozo ,o casal de cima resolveu pela terceira vez nesta noite colocar a vida sexual em dia.Eu não reclamo, penso nos dias que passaram e que passam e sinto a vida se esvair como um fio de água de um rio há muito represado, com suas lontras, suas curvas, suas pedras e seus peixes e penso que talvez nunca mais mesmo o rio passe de novo aqui nesta cidade, onde todos estão tão quietos, tão mansos que todos devíamos estar do outro lado do muro, mas só porque pensamos que estamos vivos, estamos sós.Irremediavelmente sós.
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