O valor que se dá
As lembranças estão no passado,
e de tão grandes, não cabem no presente,
nem com "jeitinho", aquele que é companheiro
do desejo e da loucura.
Somos sempre o momento, o hoje e o pra sempre,
sempre que houver.
O para trás, que fique por lá mesmo,
no espaço que lhe foi conferido,
pois sempre que volta, remexe em muito
no que foi bom, mas principalmente o que
não trouxe tanta alegria,
mesmo que venha tão avassalador como foi.
Elas voltam soprando suaves nos ouvidos
ou em cólicas como parturientes em vias de fato.
Elas voltam, sempre voltam! O remédio para cura-las?
É voltar o olhar de dentro para fora.
É olhar em volta, e ver que o mundo está diferente,
atropelando as horas, dias, meses e anos.
E que em breve, muito breve,
nada disso terá valor,
então, o valor que se dá a coisas e sentimentos,
deve ser o valor que eles tem,
e nenhuma virgula ou centavo a mais.
Valentina Fraga
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