A PONTE
Ricardo Oliveira
- Conte uma estória para mim!
Tudo começou mais ou menos assim. E, sem mais, nem menos, comecei.
Eram duas vezes... Um homem, de um lado e uma mulher, do outro, cada um na sua vez, ora juntos, ora separados estavam por um rio e uma ponte.
Cada qual por seu lado, cheio de vida, de desejos e preparos buscavam meios de se manterem felizes e livres.
Talvez a inocência ou a vida selvagem que os rodeava não trazia para um ou, para o outro, ansiedades que o tempo demais ou, aquele tempo que falta, nos traz.
O tempo certo é tão somente aquele que passa. Este tempo é o único tempo real. Fica registrado nas fotos, nos relatórios e naquele relógio que, sei lá porque, parou. Pode ser que a corda ou a pilha tenha se esgotado ou que, aquele cronometrista tenha travado os segundos e se esquecido de destravar.
Mas... Sempre há um mas...
Vieram as chuvas e o rio começou a subir. As margens perderam a segurança e a ponte segura, balançava agora resistindo ao vento e às águas até que caiu.
Os dois, por sorte ou azar estavam bem e separados.
Passaram as chuvas. Voltaram as águas ao antigo leito e de repente se deram conta que estavam, cada um de seu lado, onde tudo tinha começado.
O menino olhou para mim curioso e interessado.
Fiquei em silêncio observando seu olhar percebendo o pulso que ele ‘parecia buscar’ na estória. Ele não se conteve ante o silêncio e disparou:
- O que ele fez? Perguntou como um voraz devorador de estórias.
Eu sorri e certo de que não poderia enganá-lo me rendi.
- Eu não sei. Só escrevi esta estória até aqui. Você pode continuá-la? |