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Contos-->O Dilema da Calcinha (Uma aventura dos velhos tempos de CEEE -- 06/04/2011 - 11:32 (Sérgio Olimpio da Silva Viégas) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Entro no Saaras Bar e de cara encontro o Dr. Adair Machado, vindo de Santa Catarina, Garopaba, para onde transferiu seu consultório Advocatício. Brinca ele com os amigos contando a história do cidadão que na pressa vestiu a calcinha da esposa ao invés da cueca, e como morreu acidentado, a caminho do serviço, muita gente diz ouvir até hoje uma alma penada gritando:
“Eu juro que não sou viado.”
A piada remete-me a um passado, relativamente longínquo, dos idos tempos dos Serviços de Manutenção dos Sistemas de Transmissão de Cruz Alta, em uma inspeção das unidades, coordenada pelo próprio chefe do Departamento, Centro Regional de Operação e Manutenção/ Norte, Engenheiro Dirceu dos Passos, recém-regresso, depois de três anos de ausência.
Num filme de Faroeste onde, a cada assalto, o chefe da quadrilha exigia o inventario da munição restante, eu aprendi a diariamente fazer o inventario da minha mala de viagem. Algo que facilitei naquela inspeção e, não sei se levava uma cueca a menos ou se perdera uma, a verdade que na hora do banho na penúltima noite descobri estar queimando a ultima. Teria de comprar uma se tivesse oportunidade. Muito cedo na carreira profissional descobri que um homem de manutenção não pode voltar só por estar com as cuecas cagadas.
Nascido tecnicamente, dentro do CROM/Norte, tendo se graduado engenheiro, chega a chefe desse departamento, saindo logo depois de sua ascensão para Candiota atendendo a um projeto de reestruturação daquela usina, retorna agora após dois anos de permanência lá e um de quarentena no CROM/Metropolitano, como chefe do departamento.
O projeto Candiota, nasceu sobre os maus auspícios, criticado pelos Sindicados dos empregados da CEEE, pelo Clube dos Engenheiros e até pelo Sindicado dos Engenheiros, não trazendo os resultados esperados e gerando constrangimentos à Diretoria, acabou abortado.
Dirceu, como já disse em “Se o Estupro é Inevitável”, foi o homem que sempre acreditou em mim. Desde que chegue a Cruz Alta como assistente do chefe dos Serviços de Manutenção de Linhas de Transmissão. Sempre me dei bem com ele tanto trabalhando ao seu lado, nas ocasiões que substitui meu chefe ou como seu subordinado, como foi ao assumir a chefia do departamento quando entre ele e Sérgio Massot, trouxeram-me de volta para o CROM, porém agora ele voltava mudado.
Vinha mordido pelo insucesso do projeto Candiota, pelas criticas sofridas e pior, pela resistência encontrada à seu retorno. Dizia ele estar disposto a rever seus valores, Nesta vez ele não perderia a oportunidade de dar um cargo para o irmão. Seu velho projeto de quando o levou, salvado da Gerencia de Vacaria para a Seção de Manutenção de Subestações Santo Ângelo. Algo a contragosto da maioria do segundo e terceiro escalão do departamento.
Entre as qualidades do Dirceu. Estavam o dinamismo e a resistência física, nos casos das inspeções das unidades. A Região Noroeste do CROM, compreendida em um triangulo tendo arestas Frederico Westphalen, Salto do Jacuí e São Luís Gonzaga, era composta de 24 unidades, (usinas e subestações) e 1600 km de linhas de transmissão. Ele sempre a realizava em uma semana. Para tal saíamos diariamente, por volta das sete horas, almoçávamos onde desse e, retornávamos para algum hotel por volta das dezenove e trinta.
Dirceu retornava para não ficar, a “Ditadura dos Partidos” após ter dominado as áreas administrativas, e de Distribuição da CEEE, agora, aterrissava, colocando suas garras, na Área de Operação. Dentro do próprio órgão, os politiqueiros diziam que o cargo era do “Partiiiido”. Assim o Diretório do PDT, de Passo Fundo passa a exigir a retirada dele.
Com isso urgia uma ação rápida para seus intentos, nada melhor que uma inspeção para escancarar tudo de errado existente numa seção de manutenção. Coisas suas conhecidas desde os tempos que era chefe de serviço ou, muito bem informados durante os anos de ausência. O chefe daquela seção "Dormia com a Cobra em baixo do Travesseiro". Assim nessa inspeção ele iria exatamente a todos os pontos falhos.
Naquela manhã de quinta feira do penúltimo dia de inspeção, eu estava agoniado. Como resolver o problema da cueca. Pedir para parar, atrasando a viagem naquela correria? Não, não estava nos meus planos e nem fazia parte dos meus padrões. Não iria atrasar o que estava fazendo nem, ficar sem cuecas. A solução apareceu quando decidimos, para ganhar tempo, fizer um lanche rápido na estação rodoviária de Jirua. Uma lojinha de conveniências e bazar estava aberta em seu interior. Encomendei meu Bauru, corri para a loja, onde uma bela loira fazia compras, afobado escolhi uma cueca, paguei voltei ao balcão apanhei o pacote e corri de volta para a lancheria quando meu lanche já estava sobre o balcão. Com o problema da fome e da cueca resolvido. Passei a tarde, apesar de todos os achaques pelas coisas encontradas, aliviado.
Quase oito horas da noite chego ao hotel Maerkilin, em Santo Ângelo, Logo depois de deixar em casa o Ademar e o Dirceu na casa do Valdir irmão dele. Venho no bagaço. O dia foi terrível, as coisas apareciam cada vez piores aos meus olhos. Eu teria de concordar com a substituição do Ademar. Um bom banho serviria para me refrescar até a alma e rejuvenescer-me para mais um dia de estrada e pressão.
Subo para o quarto vou direto ligar o chuveiro enquanto separo minhas roupas, a partir do pacote da cueca. Ao rasgá-lo a decepção como veio parar ali aquela calcinha vermelha de rendas? Pior em hipótese nenhuma serviria em mim. Desesperado jogo-a em cima da cama. Para o que não tem remédio remediado esta. A solução é o banho esperar. Vou para a janta, volto tomo banho lavo o fundo da cueca para poder vesti-la ainda meio úmida ao outro dia. Só que o pior ainda estava para vir.
Cansado, quase dez da noite, chego a casa, tomo banho, mal janto e vou para a cama. Quando estou quase conciliando o sono, aparece minha mulher que havia ido desfazer a minha mala, coisa que naqueles vinte e tantos de casada fizera, com o diabo da calcinha vermelha na mão perguntando:
De quem é isto?
Ela sempre ouviu falar de mulheres safadas, que só para prejudicar quem ficou com elas, costumam iscar suas coisas com algum objeto assim. Nada melhor do que a calcinha.

Dizer que era presente para ela, como? Sem pacote? Pior ela tem uma fabriqueta de calcinhas.
Se tendo contar a história, que nem eu sei como aconteceu, ela com certeza não vai acreditar.
Se, digo que não sei como aconteceu ela dirá que não nasceu ontem e sabe muito bem como isso acontece e, ai estou morto.
Se disser que é minha, estou sujeito a tornar-me mais uma alma penada e desmoralizada gritando daqui até o inferno:
“Eu juro que não sou viado, foi um mero mal entendido”.


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