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Contos-->A cola, "Quem não cola não sai da escola" -- 30/03/2011 - 14:39 (Sérgio Olimpio da Silva Viégas) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos

 

A C ola

Nos idos tempos da velha ETP havia um chavão

“quem não cola não sai da escola” 

Certa vez uma cola quase estragou uma sabatina minha, na matéria que eu tinha mais facilidade e nunca colei em prova de física, foi a cola de um colega Jorge Machado.

Doze anos longe da ETP, resolvi um dia voltar a estudar, Voltar? Não. Fui fazer vestibular em são consciência não cria nessa possibilidade.

Nos dias próximos a fatídica data, falei com um colega de serviço, oriundo da também da escola, colocando-lhe a minha firme decisão de não comparecer a prova, pois a minha reprovação era liquida e certa. Dele obtendo a seguinte pergunta:

“A pior coisa que poderá te acontecer não é a reprovação? Não estas reprovado por antecipação? Então vai lá faz a prova e da o fora. Não conta para ninguém  Se passares conta para todo o mundo. Se rodares ninguém saberá`

Fui fiz e passei em quadragésimo lugar.

Lá conheci o velho professor Baioch, ex irmão marista, italiano que renunciou aos votos, demorando quarenta e quatro anos a voltar à Pátria Mãe, explicando como foram seus cinqüenta e dois anos de magistério:

Fui paciente em minhas aulas, generoso com a nota e complacente com a cola.

Justificava esse procedimento dizendo:

O saber se recupera. Um ano de vida jamais.

Na faculdade e nos cursos que se seguirão não colei. Eu não precisava mais passar eu queria aprender. Já era consciente de que jamais seria economista. Meu salário já estava muito além do salário inicial de um economista sem contar com os trinta por cento da periculosidade.

Isso muito me valeu para responder a altura para o professor de Geografia e História Econômica. Eu até hoje não consegui notar a diferença entre uma e outra. Em uma prova para Geografia Econômica estudei história e tirei 9,5. Quando alguém lhe reclamava alguma coisa era chamado de colador e que estava na Faculdade, em busca somente do diploma. Coloquei meu contracheque no bolso e aguardei pacientemente a minha oportunidade. Não tardou a aparecer. Eu reclamei de alguma coisa, e ouvi a tradicional explicação e dei-lhe o troco mostrando meu contracheque:

“Comigo não professor. O Diploma não vai melhorar o meu salário. Eu não preciso vender o meu diploma. Com estes vencimentos dificilmente eu queriria trocar de profissão, eu vim em busca de conhecimentos e exijo recebê-los”

Durante algum tempo la na Escola Técnica tornou-se praxe descobrir-se as questões das provas impressas com antecedência. A nossa turma usava isso com parcimônia. Ninguém aproveitava para notões. Nossos professores de física e eletrotécnica, os dois Luizes, Pedro Luiz Monti Prieto e Luis Neto Soares. Não usavam provas impressas. Passavam cinco a dez perguntinhas na pedra.

No curso técnico encontramos dois dos três mais duros professores da escola, bons professores, mas não seguidores da filosofia do velho Baioch. Duros sim, mas não estúpidos e mal educados como o Professor Rafael Caldelas.

Monti Prieto apelidou-me de Arquimedes, por minhas notas na sua matéria, nos dois anos fui aprovado nessa matéria por média, acima de 8,33, e por tornar-me apaixonado pelo estudo da alavanca, o significado simbólico da alavanca é tema de sem conta de autores Maçônicos e a celebre frase de Arquimedes:

“Dai-me um ponto de apoio e levantarei a terra”

Não me recordo se foi no primeiro ou segundo ano do curso técnico que ele deu como trabalho para casa dez perguntas, as quais com ligeiras modificações seriam aplicadas na sabatina. Nove foram respondidas quase que individualmente, uma empacou. Seu enunciado era mais ou menos assim:

Um Helicóptero descendo, em dado momento deixa cair uma pedra, sabendo que a aceleração da gravidade é 9,8 m²/s calcular......

È possível que o enunciado tivesse mais algum dado hoje esquecido pelos quarenta e dois anos decorridos, mas seguia-se uma lista de doze perguntas a serem respondidas. Logo nós todos descobrimos só haver um caminho para a solução do problema uma única resposta abrira o leque de respostas. A cada intervalo sem aulas a maioria da turma reunia-se em busca da tal resposta. Estávamos para jogar a toalha quando noite alta, exausto de trabalhar em cima do problema eu dormi e sonhei com a solução. Acordei-me acendi o lampião a querozene do meu quarto e em menos de quinze minutos achei a solução. No outro dia repassei para a turma toda.  

 

Pedro Luiz Monti Prieto foi nosso paraninfo, ganhei dele o livro Homens x Máquinas. As aulas de física eram sempre em dois períodos de cinqüenta minutos, eu normalmente ao fim do primeiro período pedia para dar uma saída de aula, a turma toda sabia o motivo, embora eu não fosse o único, isto passou a ser marca minha, de conhecimento até do professar. Naquele tempo embora fosse proibido os alunos fumar não havia uma cassa as bruxas. Até a era Bonat, o curso técnico tinha direito de fumar em aula, Antes de Ildemar Capidbosk Bonat, tornar-se diretor, em suas aulas, no ginásio, contrariando as diretrizes da escola era permitido. Levo minhas dúvidas se não o foi por afilhadismo político, durante o Governo de Jango Goulart. No dia da formatura, na hora de me entregar o diploma o professor Prieto, fazendo consultar o relógio lembrou-me:

Viégas, esta na hora de sair da aula para fumar teu cigarrinho

   

A composição da nota era feita pela média de três sabatinas valendo peso seis e o exame valendo quatro. A soma tinha de completar cinqüenta pontos. A soma das seis sabatinas mais o exame multiplicado por quatro, dividido por dez teria de resultar cinco. Quem tivesse uma soma de sabatinas inferior a dez estava reprovado mesmo tirando dez no exame.

Não sei por que cargas dagua a turma logo depois da minha não teria física com o mesmo professor, foi contratada uma mulher. A professora Neuza. Não conheci os seus atributos como professora, mas quer parecer-me também pertencer à linha dura. Assim a turma inteira chegou ao exame precisando nota alta. Alta mesma quem menos necessitava tinha de alcançar seis. E apelaram para o conhecimento alternativo. Sem a mínima inteligência ou precaução. A prova acabou anulada.

A professora Neusa apresentou como principais quesitos, no pedido de anulação da prova.

Alunos necessitando tirar seis, o que significa que nunca alcançaram essa nota durante o ano inteiro, tiraram nove e meio.

A aula inteira tirou nove e meio

A aula inteira errou a mesma questão

Foi lá no inicio, do primeiro ano, logo após termos passado a estudar física, pois o Professor Prieto, iniciou fazendo uma revisão de matemática, dando muita ênfase ao que seria um algarismo significativo depois da vírgula. Até quantas casas depois da vírgula poderíamos considerar. Além dessa quantidade poderia significar um engano ou uma fraude. Que o Gordo Jorge Machado, quase estraga a minha prova.

Estávamos em aula quando entrou o Professor. Como sempre ele, ele pediu para colocarmos o nome na prova, uma folha de papel almaço trazida de casa para esse fim, foi ao quadro, apagou um pedaço e colocou as questões e, em ato continuo, pediu ao Jorge Machado, vulgo Gugu. Para terminar de apagar. Ai aconteceu à catástrofe.

O vento jogou a folha de papel almoço do Gugu, já com as questões, ao chão. Solicito o professor Prieto abaixa-se para junta-la. Como existe aquele ponto onde as coisas ruins só podem piorar, onde quem rege os fatos é a lei da máxima sacanagem, onde teoricamente a parte do pão caída para baixo será sempre a com manteiga. Ela havia caído com a parte onde estavam as perguntas para baixo escancarando o conteúdo da quarta pagina, pela metade de cola, escrita a lápis bem fraquinho para poder apagar caso não fosse possível destacá-la.

Sr. Jorge pode retirar-se sua prova acabou aqui:

Disse o professor

Por quê?

Porque? pergunta deslavadamente o aluno

Os ânimos elevam-se

É cola

Não é cola é simplesmente um lembrete feito sem auxilio de material e demais a mais nenhuma das perguntas foi respondida até o momento. Se o que tem nas costas da folha não corresponder a alguma das questões formuladas eu tenho direito de receber outras.

Ninguém na sala cria em sã consciência na vitória deste argumento

Com este argumento ao fim de uns bons dez minutos ele conseguiu nova prova não sem antes provar oralmente saber todo o conteúdo existente no dito lembrete.      

 

  

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