Usina de Letras
Usina de Letras
168 usuários online

Autor Titulo Nos textos

 

Artigos ( 62266 )

Cartas ( 21334)

Contos (13267)

Cordel (10450)

Cronicas (22539)

Discursos (3239)

Ensaios - (10379)

Erótico (13571)

Frases (50657)

Humor (20039)

Infantil (5450)

Infanto Juvenil (4776)

Letras de Música (5465)

Peça de Teatro (1376)

Poesias (140816)

Redação (3309)

Roteiro de Filme ou Novela (1064)

Teses / Monologos (2435)

Textos Jurídicos (1961)

Textos Religiosos/Sermões (6203)

LEGENDAS

( * )- Texto com Registro de Direito Autoral )

( ! )- Texto com Comentários

 

Nota Legal

Fale Conosco

 



Aguarde carregando ...
cronicas-->A Carona -- 29/09/2006 - 15:40 (Odilon Fehlauer) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Zenildo era petulante, porém, prestativo apesar de não ter onde cair morto. Possuía um velho carinho, marca Wolksvagem. Certa ocasião, ele soube de eu estar a pé e prontificou-se a me dar uma carona. Agradeci, recusando o préstimo. Foi inútil. Ele informava estar se deslocando ao meu encontro. O som ruidoso do motor identificou-o chegar. Constrangido, restou-me aceitar sua gentileza. Embarquei e ao puxar por dentro o trinco da porta, mesmo devagar, fiquei com ele na mão. Zenildo comentou: "Pois é tenho que consertar este trinco, mas vou deixando e dá nisso." Iniciou a chover, ligou o limpa vidros estridente por estar com a làmina de borracha gasta, gerando atrito contra o pára-brisa na cadência do vai-e-vem. No rádio, ele ouvia uma canção de uma dupla caipira e chorosa. Pressenti o dissabor que teria andando naquele carro tão enaltecido. "Meu fuscão está uma jóia", dizia Zenildo. Mal concluiu, o motor pipocou e apagou com o carro atravessado no meio da rua. Motoristas buzinavam insistentes, aqueles que ultrapassavam berravam impropérios: "Retire este lixo do caminho! Troque por uma bicicleta!" Zenildo não desistia tentando girar o arranque para fazê-lo pegar, até que descarregou a carga da bateria. A chuva se manteve copiosa. Ele decidiu-se, desembarcou abrindo o capó do motor e examinando o interior. Culminou vindo me dizer: "Póxa, sei o que aconteceu, esqueci-me de reabastecer, estamos sem gasolina - ele falava no plural - e ainda pior, deixei a carteira com o dinheiro em casa. Tem um posto na quadra seguinte após dobrar a esquina". Coube-me ser solidário e disse o que restava: "Vamos empurrar o carro até lá". Minha roupa ensopou com a chuva, sorte que antecedia o posto de abastecimento a rua em declive, facilitando em càmbio neutro prosseguir e estacionar junto da bomba. Coube-me bancar o pagamento de uns litros de gasolina para que ele fosse até sua casa, levando a "jóia" motorizada. Decidi-me apanhar um táxi e ir para casa mudar de roupas. O capó do motor foi fechado, ele embarcou no carro e os funcionários do posto empurraram o carro até pegar no tranco. Da descarga emanaram estampidos, como se fosse sessão de fogos de artifício, até que funcionou. Manobrou ao meu lado insistindo para complementar a carona que ofertara e por mim, incisivamente recusada. Assisti Zenildo arrancar em velocidade com seu fuscão fumarento. Em casa, troquei de roupas, injuriado pelo acontecimento desagradável. Nisso tilintou a campainha do telefone - era Zenildo dizendo: "Quer que o busque? Assim completo a carona". Um pesadelo descortinou-se em minha mente. Tive que insistir agradecendo e forcei para encerrar a ligação, ele atrevidamente me disse: "Viu só meu fuscão está tinindo, bastou abastecê-lo". Olhei para minha mão repleta de escoriações e manchada de óleo queimado ao empurrar o carro, nada comentei e desliguei o telefone. Até hoje, estando a pé, se ouvir o som que parte da descarga de um automóvel, desvio o olhar para o lado oposto. Temo que seja Zenildo decidido a me oferecer carona.

Odilon Fehlauer.

Comentarios
O que você achou deste texto?     Nome:     Mail:    
Comente: 
Renove sua assinatura para ver os contadores de acesso - Clique Aqui